Biografia
Nome completo
MOYSÉS FERRAZ
Inicial
Biografia
FILIAÇÃO: Lupércio Ferraz e de Virgínia Ramos Ferraz
ANTES DA GUERRA
Desde a adolescência, trabalhou em diferentes atividades de comércio. Cursou o fundamental (à época, Primário).
No ano de 1939, quando irrompeu a guerra, com 15 anos trabalhava numa loja de materiais elétricos. Prosseguiu trabalhando até o ano de 1940, quando ingressou na Escola de Instrução Militar (EIM), tendo aulas teóricas e instruções e exercícios militares, inclusive acampamentos, tendo recebido certificado de 2ª Categoria.
Em abril de 1941, começou a trabalhar na RADIOBRAS, e passou a frequentar a Escola para Formação de Rádio-Operadores da mesma empresa internacional.
Em 1942, matriculou-se no Curso Trindade, visando à Carta de Radiotelegrafista no Departamento dos Correios e Telégrafos (DCT), com validade internacional. Aprovado, obteve a Carta de 2º Radiotelegrafista pelo DCT, em 1943. Tentou avançar na sua formação secundária; contudo, a convocação para a guerra adiou essa intenção.
Em 1944, seu nome foi publicado no Diário de Notícias, na lista de 200 convocados com formação em áreas técnicas, para servir ao Exército Brasileiro. Na ocasião, apresentou-se ao 1º Batalhão de Engenharia, no Rio de Janeiro, sendo convocado reservista sob o número 237.
Ainda no CIE, concluiu o curso de Rádio-Operador, sendo promovido a cabo. Manteve suas atividades e aguardou com grande expectativa o embarque, que se deu em 22 Set 1944.
DURANTE A GUERRA
Embora parte do seu histórico não conste das folhas de alterações emitidas em Lizzano in Belvedere, em 26 Mar 1945, teve as seguintes movimentações durante a guerra:
Chegando em Nápoles, deslocou-se em barcaça pelo Mar Tirreno, com destino a Livorno. A seguir, por terra para San Rossore, em Pisa, onde foi incorporado ao 5º Exército dos EUA. A seguir, pelos Apeninos, atravessou áreas fortemente bombardeadas, aproximando-se das frentes alemãs.
Sob impacto de constantes bombardeios, ocupou seu primeiro posto com uma Estação Rádio SCR 193, em Porreta Terme, a partir de 8 Nov 1944. Ali, em contato com a frente de combate, atendia ao Posto de Comando (PC) do 6º Regimento de Infantaria (RI), em Riola, até 30 de novembro. Completou 21 anos em campanha, sob a pressão do frio e das bombas alemãs.
No dia 11 de dezembro saiu de Porreta Terme para Bombiana, junto ao Monte Castelo e Abetaia, servindo a um PC do 11º RI. Naquela posição, permaneceu os dias 11, 12 e 13 de novembro, com a estação rádio montada em um carro de comando.
Em 26 Dez 1944, seguiu para Staffoli, junto ao Centro de Triagem, onde atendeu, durante um mês, pela realização das ligações para o Quartel-General Avançado. A seguir deslocou-se para Randaragna, onde permaneceu entre 31 Jan e 4 Fev 1945, retornando a Porreta Terme.
De 5 a 28 Fev 1945, no contexto da Operação Encore, em uma Estação Rádio SCR 399, apoiou as ações que culminaram na tomada do Monte Castelo em 21 de fevereiro.
De 28 Fev a 23 Mar 1945, no desencadeamento da mesma Operação, apoiou o Esquadrão de Reconhecimento no deslocamento para Farneto, operando com uma Estação Rádio SCR 193. Nesse período os brasileiros conquistaram importantes posições, como Soprasasso, Castelnuovo e outras.
Em 23 Mar 1945, recebeu com surpresa, o aviso de que o Ministro da Guerra havia autorizado o seu retorno ao Brasil, após desesperados pedidos de sua mãe. Deslocou-se para Lizzano, onde aguardou a chegada da ordem escrita para seu retorno.
Em 25 de março, deslocou-se para Pistoia, saindo definitivamente da frente de combate, iniciando o retorno ao Brasil. Em 5 de abril embarcou para Livorno e, em 7 de abril para Nápoles.
Em 13 de abril, de avião, seguiu para o Brasil, via Argel, Casablanca e Dakar, na África. Após passar em vários acampamentos, embarcou para Natal, em 21 Abr 1945.
Ainda em campanha, recebeu a seguinte notação elogiosa, publicada em Boletim:
“1945 – FEVEREIRO, 17 – No decorrer dos trabalhos habituais do Grupo Rádio, destacou-se o Cabo Moysés Ferraz que, chefiando uma equipe Rádio na Estação mais possante da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, demonstrou possuir uma noção de responsabilidade fora do comum e zelo invulgar. Finamente educado, seu trabalho na estação provocou os maiores elogios pôr parte de todos os oficiais que acompanharam de perto a sua atividade”
DEPOIS DA GUERRA
Em abril de 1945, quando já havia paz na Itália, deu baixa do Exército, retornando à vida civil.
Após ter-se recuperado e reintegrado à vida civil, trabalhou por anos no comércio. Dois exemplos, as Lojas Palermo, uma importante loja de discos no centro do Rio de Janeiro, e a empresa que comercializava os Álbuns Tupã.
Retomou os estudos interrompidos pela guerra, obtendo o certificado do Segundo Grau. Aprovado em concurso público no ano de 1958, foi nomeado Rádio-Telegrafista nos Correios e Telégrafos, no Rio de Janeiro.
Por vários anos trabalhou no turno da noite para realizar seu sonho de cursar a Universidade, pois o curso escolhido, Belas Artes, era oferecido em horário integral. Formou-se em Belas Artes na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
Em 1963, buscou outra carreira profissional, seguindo seu talento para as artes plásticas. Aprovado em concurso público em 1965, foi nomeado professor secundarista de Desenho, no então Estado da Guanabara (depois Rio de Janeiro), para atuar no Ensino Médio. Lecionou em escolas públicas e privadas do Rio de Janeiro, entre as quais o Colégio José do Patrocínio, em Irajá, e o Colégio São Paulo Apóstolo, em Todos os Santos. Na função de professor criou seus quatro filhos.
Foi reintegrado ao Exército como reservista ex-combatente no dia 8 Jul 1971, beneficiado pela Lei no 4.767 de 1965, no posto de 1º Tenente da arma de Comunicações.
Nesta condição retomou contato com colegas ainda em serviço e outros ex-combatentes com quem revisou e rememorou a participação do Brasil na II GM. Voltou a frequentar o Batalhão de Comunicações, entre outras unidades do Exército Brasileiro. Desenvolveu atividades voluntárias na Biblioteca da Associação dos Ex-Combatentes do Rio de Janeiro. Naquele local, também aproveitou para aprofundar suas leituras sobre os fatos da II Guerra, e compartilhar com colegas suas narrativas.
Em 1987 começou a escrever suas memórias, principalmente com base no diário que havia escrito durante a Guerra. Desta tarefa resultou o livro “Reminiscências”, concluído em 2002, com farta ilustração de imagens e seus documentos pessoais da época em que serviu.
Em contato permanente com outros pracinhas, participou de diversos desfiles militares no Rio e em Brasília, além de apresentar-se em diferentes ocasiões, oferecendo palestras sobre a II Guerra e sua experiência pessoal.
Acompanhando os esforços do Batalhão Escola de Comunicações (BEsCom) para constituir a memória da sua participação na II Guerra Mundial, doou seus objetos pessoais, que passaram a compor acervo do museu da unidade, em Marechal Hermes, no Rio de Janeiro.
Foi agraciado por diversas vezes por companheiros de jornada e comandantes do BEsCom, onde recebeu duas homenagens especiais: a. a sua imagem serviu de base para a composição de escultura-símbolo de combatente das comunicações, portando uniforme e radiocomunicador da época, obra pode ser vista em frente ao Batalhão; e b. foi homenageado por suas contribuições durante e após a II Guerra com placa comemorativa em um dos prédios dessa unidade de Comunicações.
Condecorações
Medalha da Vitória (Min. Defesa) | Medalha de Campanha | Medalha Tributo à FEB
Dados básicos
Dados militares
Número de identidade
1G-287504
Posto ou graduação
Cb
OM de embarque
1ª Cia Transp
Data de embarque
22 de setembro de 1944
OM de retorno
Evacuado
Data de retorno
21 de abril de 1945
Notas de referência
Código de diferenciação
7213
Biografia completa
sim
Com fotografia
sim
Referências
FONTES: Histórico Pessoal Militar, entrevista e informações de familiares
Observações
CRÉDITO: Museu Virtual da FEB