Nestor da Silva

22003 – NESTOR DA SILVA

FILIAÇÃO
João da Cruz e Silva e Luiza Vitória de Oliveira.

ANTES DA GUERRA
Em 2 Mar 1938, ingressou como voluntário no Exército Brasileiro, no 10º Regimento de Infantaria, em Belo Horizonte.

Em 1º Jun 1939 e 31 Ago 1939, foi promovido a 2º e 1º cabo, respectivamente; em 2 Jun 1940, a terceiro-sargento; e em 2 Jan 1943, foi promovido a segundo-sargento.
Em 13 Jan 1944, foi transferido para 11º Regimento de Infantaria, de São João del-Rei, MG.
Em 5 Mar 1944, o segundo-sargento Nestor de Silva, iniciou a jornada para o Rio de Janeiro.
Em 20 Set 1944, após a preparação no Morro do Capistrano, deslocou-se da Vila Militar ao porto, onde embarcou no navio General Meigs, que desatracou em 22 Set 1944, com destino a Nápoles.

DURANTE A GUERRA
Em 6 Out 1944, chegou ao porto de Nápoles, desembarcando três dias depois. Via Mediterrâneo, seguiu para Livorno, entre as 8h 10min do dia 10 e as 14h do dia 11 de outubro. O desembarque em Livorno iniciou às 10h do dia 12 Out 1944. De caminhão, a tropa foi conduzida ao acampamento de San Rossore (Pisa).

Em 3 de novembro, o 11º RI foi integrado à 1ª DIE, sob o comando do general Zenóbio da Costa. Em 1º de dezembro, entrou em linha de combate.
Citação de combate: “O 2º Sargento Nestor da Silva, do 3º Pelotão, pela proficiente atividade, espírito de iniciativa, espontaneidade ao sacrifício e desenvoltura de ações reveladas no de ataque do dia 12 de dezembro de 1944 [ao Monte Castelo]”.
A partir de 27 Fev 1945, deslocou-se com o batalhão para as regiões de Vidiciatico, Porreta Terme e Silla. Em 3 de março, o 3º Batalhão do 11º RI substituiu o 1º Batalhão do 6º RI, em Riola, de onde partiu em 11 de abril, entrando novamente em linha de combate.
No período em que esteve em ação, participou de dezoito patrulhas, seja na “terra de ninguém” ou em terreno sob domínio do temido exército alemão, destacou-se pela disciplina, liderança e bravura.
Em reconhecimento pelos seus atributos demonstrados nos campos de batalha, às 23 horas do dia 14 de abril de 1945, por ocasião do ataque a Montese, principal e mais sangrento combate urbano da Força Expedicionária Brasileira, o segundo-sargento Nestor recebeu telefonema do seu comandante Major Lisboa, informando que o General Mascarenhas de Moraes gostaria de falar com ele. Após identificar-se, ouviu do comandante da FEB as seguintes palavras: “Sargento Nestor, eu acabo de assinar a sua promoção de segundo-sargento a segundo-tenente. … Honre essas estrelas como você honrou as suas divisas. Muito obrigado. Prossiga!”.
A citação no Boletim no 106 da 1ª DIE, de 16 Abr 1945, destacou esse momento: “Por ter se conduzido de modo excepcional nas ações de combate em que tem tomado parte e revelado elevada capacidade de Comando, por ter sido comissionado pelo Exmo. Sr. Gen. Cmt. do 1º Escalão da FEB e 1ª D.I.E. no posto de 2º Tenente o 2º Sargento no 2.608 – NESTOR DA SILVA, da 2ª Cia. (Telegrama de hoje do Chefe da 1ª Seção do Estado-Maior da 1ª D.I.E.)”. O Boletim do dia 20 de abril transcreveu a autorização do seu comissionamento pelo Ministro da Guerra e a classificado na mesma Unidade, na qual assumiu a função de comandante do 2º Pelotão da 2ª Companhia a contar de 16 de abril, anteriormente comandado pelo Ten. Ary Rauen, mortalmente ferido durante as ações em Montese.
O boletim de 9 de maio publicou a seguinte Operação de Guerra da qual tomou parte: “No ataque do dia 14 de abril – tomada de Montese – sua Cia. dando cumprimento às ordens recebidas, na 2ª parte da noite de 13 para 14, um lanço do dispositivo de sua Cia. da cota 930, i Tutti e Ricocchi para a região de S. de Montaurigola, base de partida para o ataque. Às 6 horas do dia 14 achava-se sua Cia. pronta para a execução da 1ª fase, com lançamento de uma patrulha de reconhecimento. O Reconhecimento de sua Cia. foi lançado, foi fortemente hostilizado pelas resistências das encostas S.E. a Montese e por forte bombardeio de morteiros e artilharia na baixada entre Montaurigola e Montese. Às 12:52 sua Cia. aprontava o dispositivo de partida para a 2ª fase do ataque do 1º objetivo, Montese. Às 13:25, após a preparação de artilharia, parte a sua Cia. ao ataque, cujos pelotões (Ary e Iporan) seguem os destinos dos seus bravos Cmts. na conquista dos seus objetivos. O inimigo, desencadeando uma terrível barragem de fogos de Infantaria e de Artilharia entre as encostas S de Montese, suas orlas L e a base de partida (Montaurigola) consegue deter a ação do Pel. Ary que teve o seu heroico chefe ferido mortalmente na cabeça. Grandes baixas no seu efetivo, cujos remanescentes ainda tinham pela frente a arma infernal de que tanto abusa o inimigo, as minas. Até as 14:46 horas era desconhecida a posição de Pel. de sua Cia. (Ten. Iporan). Os observadores de sua Cia. não distinguiam os homens, todos sob incessantes e violentes bombardeios de artilharia e morteiros alemães. Às 14:46, numa mensagem urgente, seu Cmt. de Cia. comunicava a entrada do Pel. Ten. Iporan se achava em Montese e que suspendesse imediatamente a concentração que se fazia, atingindo a Cia. o 1º objetivo determinado de uma maneira dramática e espetacular. Já se achava praticamente tomada a cidade de Montese pela sua Cia. Todo o 1º objetivo, dado ao seu Btl. foi conquistado, dando ao nosso regimento a glória da tomada de Montese. 0 2º Objetivo do seu Btl., foi em parte alcançado com a ocupação da cota 726 (NW de Montese), não o tendo sido completada com a ocupação da cota 794 (N de Montese) em virtude, não só do forte bombardeio inimigo, como também porque era essa ocupação era função do Btl. Cândido sobre Montebuffoni.
Em 21 Jul 1945, foi publicado que, “no período de 15/IV ao término da guerra, após a memorável jornada do dia 14 de abril – tomada de Montese, o R.I. deveria prosseguir o seu ataque, cabendo apenas ao seu Btl. a cobertura do flanco esquerdo e a ocupação do ponto cotado 726. Esta ocupação foi realizada pelo seu Btl. sob tremendo bombardeio de artilharia e morteiros inimigos, que se prolongou por todo o dia a fora. Nos dias 16, 17 e 18 seu Btl. manteve, sob grande atividade da artilharia inimiga, as posições ocupadas, melhorando-as sempre. Nesta fase seu Btl. cumpriu as missões que lhe foram dadas, ocupando e mantendo os objetivos, ligando-se aos elementos da direita e defendendo com agressividade o quarteirão largo, acidentado artilharia e morteiros inimigos fortemente batido pela artilharia e morteiros inimigos. Com a queda do dispositivo defensivo do inimigo, de que resultou a queda de Bolonha, iniciou-se nova fase da campanha, exploração do êxito. Seu Btl. lançou reconhecimentos no dia 19 sobre o ponto cotado 794, para as regiões de Cassano di Mezzo, Bosco, Pianaccio di Sotto Lepore, 747, 712 e Riva di Biscia, encontra estes pontos livres do inimigo e ocupa-os. Em consequência destes reconhecimentos seu Btl. lança-se na exploração do êxito na direção NW. Enfim de jornada do dia 20, seu Btl. ocupava posições nas alturas de C. Romanini, Le Rise, cota 746, alturas N de M. Zagaglia, Canevaro, Casellete, Vignale de Sotto, Chioso e Poviana, nas margens L de Panaro”.
Depois da tomada de Montese, enfrentando campos intensamente minados, seu batalhão deslocou-se a Pianella. Em 22 de abril o seu batalhão foi substituído por tropas dos EUA.
Em deslocamento motorizado ou em ações de reconhecimento, passou por diversas localidades (M. Ornello, Maranhelo, Casagrande, S. Polo d’Enza, Solero, Torino, Alessandria, Susa – onde defendeu a cidade e fez ligação com a 27ª Divisão Francesa – etc.), chegou ao acampamento de San Rossore (Pisa).
Em 21 Jun 1945, deslocou-se a Livorno, de onde seguiu em navio italiano até o porto de Nápoles, rumando para o acampamento na região de Francolise.
O boletim de 30 Jun 1945 publicou que o Gen. Crittenberger lhe conferiu o título de “Membro Honorário do IV Corpo de Exército Americano”.

APÓS A GUERRA
De volta ao Brasil, apresentou-se na Diretoria de Armas e, em 20 Ago 1945, foi transferido para o 10º RI, onde se apresentou em 27 Dez 1945.

Em 29 Mar 1946, foi matriculado no Curso de Oficiais da Reserva na Escola Militar, realizado no CPOR-RJ. Concluiu o curso, equivalente ao da Escola Militar de Resende, em 30 Abr 1949.
Classificado na 1ª Companhia do 15º Batalhão de Caçadores (BC), em Lapa, PR, apresentou-se em julho de 1949. Com a extinção dessa unidade, foi transferido para o 10º BC, de Joinville, SC, onde serviu de julho de 1950 a setembro de 1952.
Em 20 Out 1952, apresentou-se no 12º RI, em Juiz de Fora, MG. Em 25 Jul 1954, foi promovido a capitão. Em 19 Jul 1955, apresentou-se no 13º RI, em Ponta Grossa, PR.
Nas unidades militares em que serviu, destacou-se por diversos atributos inerentes à carreira militar, sobretudo coragem moral, disciplina, liderança, camaradagem, lealdade e amor ao trabalho, como pode ser verificar em seu histórico pessoal, levando-o a ser designado para servir na Academia Militar das Agulhas Negras, onde permaneceu de 1º Out 1956 a 3 Fev 1961, quando passou à disposição da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.
Entre fevereiro de 1961 e janeiro de 1962, realizou o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. Aprovado, foi classificado no 17º RI, de Cruz Alta, RS, apresentando-se em 12 Fev 1962, permanecendo até 2 Jul 1962, quando foi transferido para o 10º RI, de Belo Horizonte.
Em janeiro de 1964, apresentou-se na 11ª Circunscrição de Recrutamento, em Belo Horizonte. Em 5 Maio 1964 foi promovido ao posto de major.
Em 1º Jun 1964, apresentou-se no QG do Núcleo da Divisão Aeroterrestre, no Rio de Janeiro. Concluiu os cursos de Paraquedista Militar e Mestre de Salto em dezembro de 1964 e setembro de 1966, respectivamente. Em 25 Abr 1969, foi promovido ao posto de tenente-coronel.
Em 16 Jul 1971, apresentou-se no Estado-Maior do Exército, em Brasília. Foi transferido para a reserva remunerada em 1972.
Tendo concluiu a Faculdade de Administração, passou a desempenhar funções de interesse público no Ministério do Interior e na Fundação Nacional do Índio, em Brasília.
Em 2013, em reconhecimento pela sua destacada participação no Exército e na Administração Pública Federal, foi condecorado pela Presidência da República com a Medalha da Ordem do Mérito Nacional.
Em 2024, a Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária – Regional Brasília criou a Medalha Veterano Nestor da Silva no intuito de destacar a trajetória de vida do seu presidente emérito cidadão exemplar, herói da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e veterano do Exército Brasileiro, com a finalidade de homenagear personalidades que se destacaram na divulgação da história da FEB e de seus integrantes.

MEDALHAS E CONDECORAÇÕES
Medalha Cruz de Combate de 1ª Classe (FEB); Medalha de Campanha (FEB); Medalha de Guerra (FEB); Medalha da Vitória (Min. Defesa); Medalha da Ordem do Mérito Militar; Medalha Militar de Ouro; Medalha do Pacificador; Medalha de Mérito Paraquedista; Medalha Marechal Mascarenhas de Moraes (ANVFEB); e Medalha da Ordem do Mérito Nacional (Brasil).

FONTES
Revista Verde Oliva no 220-Especial, de julho de 2013; Histórico Pessoal Militar; entrevista; e informações de familiares.

CRÉDITOS
Museu Virtual da FEB / Fröhlich, S.F.