FILIAÇÃO
Antônio de Assis Sampaio e Josefina Arnaud Sampaio.

ANTES DA GUERRA
Seu avô materno, o Cel. Joaquim Raulino Sampaio, era sobrinho do insigne General Antônio de Sampaio, patrono da Infantaria Brasileira e herói da Guerra do Paraguai.
Em Salvador, BA, estudou na faculdade de Ciências Econômicas, até o segundo ano Propedêutico. A II Guerra já assolava a Europa quando resolveu fazer o curso de Enfermagem na Cruz Vermelha Brasileira, diplomando-se em dezembro de 1942. Foi trabalhar nos hospitais Santa Izabel e da Cruz Vermelha. Nesse último, cuidou de dezenas de vítimas dos torpedeamentos na costa da Bahia.
Quando o Exército Brasileiro abriu o voluntariado para mulheres, inscreveu-se no Curso de Adaptação ao mesmo. No seu diário consta: “Era uma recordação de tudo que havia aprendido no Curso de Enfermagem: grande prática em todos os serviços hospitalares e a ginástica, além dos conhecimentos sobre tudo o que compõe o Exército. Durou apenas três meses e ao terminar as provas escritas fui classificada (com a nota 9,6) como a primeira aluna da 6ª Região Militar, que abrange os estados da Bahia e Sergipe”. Continuou a trabalhar no Hospital Militar da Bahia, enquanto aguardava a convocação.
Nomeada enfermeira de 3ª classe pela Portaria no 6.880, de 24 Jul 1944, foi convocada para integrar a FEB pela Portaria no 7.018, de 9 Ago 1944.
Deslocou-se para o Rio de Janeiro em navio comboiado por dois destroiers, junto a duas enfermeiras baianas e três sergipanas. Após a apresentação no Ministério da Guerra, recebeu fardamento completo: “sapatos e uniformes de brim, lã e gabardine. Somente o último era saia, os outros eram saia-calça”. No Rio de Janeiro trabalhou no Pronto Socorro Moncôrvo Filho, na Praça da República, enquanto aguardava o embarque para a guerra.
Na manhã de 19 Out 1944 (sua data natalícia), junto a dezoito colegas, embarcou em um avião que os deixou no Campo de Parnamirim, em Natal, RN, onde permaneceu até o embarque para a Itália.
Em 31 Out 1944, integrando o 14º Grupo que seguiu por via aérea, seguiu para Dakar, no Senegal, onde pernoitou. Em outra aeronave, via Marrocos, Argélia e Tunísia voou para Nápoles, onde chegou às 15h 20min do dia 3 Nov 1944.

DURANTE A GUERRA
De Nápoles, em um navio de transporte de pessoal, seguiu para Livorno.
Em 17 Nov 1944, apresentou-se na Seção Brasileira de Hospitalização anexa ao 7º Hospital de Estacionamento, em Livorno, entrando em exercício. Foi destacada para trabalhar na Enfermaria E-22, onde havia a seção de Clínica Médica e a parte de Cirurgia. Nessa enfermaria ficavam internados os oficiais das nações aliadas: ingleses, franceses, americanos, brasileiros etc.
Em 26 Nov 1944, foi publicado no Boletim Interno da 1ª D.I.E. e 1º Escalão da F.E.B. no 90, que foi “arvorada no posto do 2º Tenente”.
Consta no seu Diário: “Na seção brasileira de hospitalização, trabalhavam as outras enfermeiras nossas. Houve sempre boa camaradagem entre nós e com facilidade fui aprendendo a falar o inglês e o italiano, servindo de intérprete para os nossos soldados brasileiros e os serventes italianos. O 7th. Station Hospital era grande e bem aparelhado para atender todos os casos necessários”. … “Trabalhávamos o dia todo e havia os plantões noturnos. Em virtude [eu] de ser muito franzina era sempre dispensada (pesava 41 kg), trabalhando apenas durante o dia. Para os sessenta doentes que sempre ocupavam a E-22 eu era a amiga e serviçal, além da enfermeira. Escrevia para as mães, esposas, noivas e irmãs dos que não podiam fazê-lo pessoalmente. Ia à Red Cross (Cruz Vermelha Americana) buscar-lhes bombons, chicletes, revistas etc. Lia para eles, cantava para alegrá-los; enfim, de várias maneiras procurava servir-lhes e cumpria com meu dever”.
Em 10 Jun 1945, integrando o 4º grupo que retornou por via aérea, após permanecer em Casablanca, no Marrocos, por cerca de quinze dias, chegou ao Brasil. “Fizemos passeios, felizes e orgulhosos, para, num belo dia de sol tomarmos o avião de volta ao Brasil”.
Em 13 Jun 1945, conforme publicado pelo Boletim da FEB. nº 161, foi excluída dos Órgãos Não Divisionários do 1º Escalão da F.E.B. e, consequentemente, do estado efetivo da Seção Brasileira de Hospitalização.
Em 22 Jun 1945, foi publicado o seguinte elogio: “Enfermeira Aracy Arnaud Sampaio. Durante todo o tempo em que trabalhou nesta Seção, demonstrou habilidade e inteligência. É portadora de fina educação, bondosa e muito meiga. O realce de sua dedicação aos doentes e feridos graves de guerra, deu ensejo a que o Sr. Maj. Sub-Chefe desta seção a apontasse ao Ex. Sr. Gen. Cmt. da F.E.B. quando de suas enfermeiras de guerra, digo, vistas, como elemento de destaque e um exemplo de perfeita enfermeira de guerra. Agradecendo e despedindo-se da 2º Ten. Enf. ARACY, esta Chefia a elogia e lhe augura as maiores felicidades na sua volta ao lar”.

APÓS A GUERRA
Foi licenciada pela Portaria no 8.411, publicada no Diário Oficial da União de 23 Jun 1945.
Em 18 Nov 1954, por Decreto Presidencial, foi promovida ao posto de 1º Tenente, na Reserva. Em 23 Jul 1957, foi promovida ao posto de Capitão e reformada com os proventos do posto.
Em 1972, passou a residir em Brasília. Em 1974, associou-se à Associação Nacional dos Veteranos do Brasil -Seccional Brasília (ANVFEB-DF). Em 1979, foi eleita, por dois anos, Secretária do Serviço Social, sendo reeleita até 1991.
Em julho de 1991, foi eleita Secretária-Adjunta até julho de 1993. Em nova eleição, foi eleita presidente até 1995.
Em dezembro de 1994, na XXV Convenção em Taubaté-SP, foi eleita Vice-Presidente Honorária do Conselho Nacional dos Ex-Combatentes do Brasil.
Em 1992, na Universidade de Brasília, foi aprovada no curso de extensão ”Rejuvenescer a Velhice”.
Em julho de 1995, foi eleita Presidente de Honra da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil (AECB) – Seção Brasília e, em novembro do mesmo ano, foi eleita Secretária de Educação e Cultura da ANVFEB-DF.
Em 1995, foi distinguida com a placa de bronze e mármore do Clube dos Seroptimistas de Taguatinga-DF, como “Mulher Destaque Especial”.
Em 1995, recebeu o Título de Cidadania Honorária, da Câmara Municipal de Barreiras-BA.
Em 2000, recebeu a placa de prata, da Câmara Legislativa de Barreiras, BA, pelo Dia Internacional da Mulher.
Faleceu em Brasília-DF, no dia 8 Set 2008, durante o Encontro Nacional dos Veteranos da FEB.

MEDALHAS E CONDECORAÇÕES
Medalha de Guerra (FEB); Medalha de Campanha (FEB); Medalha do Pacificador; Medalha Marechal Mascarenhas de Moraes (ANVFEB); e Emblema Meritorium Service, do 7th Station Hospital (EUA).

FONTES
VALADARES, Altamira Pereira – Álbum Fotográfico das Febianas, Batatais,SP: Centro de Documentação Histórica do Brasil, Diário de Guerra Pessoal; Registro Histórico do Pessoal Militar; e Informações de familiares.

CRÉDITOS
Museu Virtual da FEB / Fröhlich, S.F.