A derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial gerou o Tratado de Versalhes, o qual colocava a Alemanha com poderes mínimos de combate, por um longo tempo. Porém, “as resoluções do tratado foram sendo ignoradas pela Alemanha, em um ritmo crescente, desde 12 de novembro de 1918, dia seguinte ao Armistício” (SILVEIRA, 2001, p. 23).
O filme mudo americano apresenta vistas do Palácio de Versalhes e de seus jardins, a aglomeração de grandes multidões e a chegada de representantes de 25 nações vencedoras para a assinatura do tratado. Entre os principais líderes estão o Primeiro-Ministro britânico Lloyd George, o Primeiro-Ministro francês Clemenceau e o Presidente americano Thomas Woodrow Wilson.
A Assinatura do Tratado de Paz de Versalhes (vídeo sem som).
Quando acabou a conferência, um tratado de paz foi imposto ao país perdedor, estabelecendo reparações aos vencedores, e então a Liga das Nações foi criada, como tribuna dos idealistas. Porém, “a Liga não contou com a indispensável colaboração dos EUA e deu provas sobejas de sua inadequação às finalidades para que tinha sido criada” (AMAN, 2005).
A República de Weimar viu-se obrigada, deste modo, a aceitar um fim para uma guerra que não iniciara, e ainda arcar com uma enorme indenização. Forças estrangeiras ocuparam o solo alemão, além de restrições econômicas, políticas e territoriais, e as forças armadas alemãs seriam desmanteladas, pois o Tratado fixava o efetivo do exército (Reichsweh ) em, no máximo, 100.000 homens. Não poderia ter carros de combate, nem artilharia pesada; a Marinha de Guerra ficaria restrita a 10.000 toneladas, com apenas 15 mil tripulantes e alguns velhos navios; era proibido possuir submarinos, vedava o uso da aviação militar e excluía o Grande Estado-Maior, cérebro do velho exército alemão. Materializando as restrições do Tratado, são apresentadas as figuras 1 e 2, a seguir.
As figuras 1 e 2 não apresentam formas fixas estabelecidas ao Reichswehr, mas sim tabelas de números máximos de Unidades que de forma nenhuma poderiam ser excedidos.
A figura 1 demonstra o Estado-Maior de um Corpo-de-Exército (ARMY CORPS HEADQUARTERS STAFF), que seriam em número de dois (máximo); o estabelecimento da Divisão de Infantaria (INFANTRY DIVISION), que seriam em número de sete (máximo); e o estabelecimento da Divisão de Cavalaria (CAVALRY DIVISION), que seriam em número de três (máximo).


A figura 2 indica o estabelecimento do número máximo de armamentos para as sete Divisões de Infantaria, as três de Cavalaria, e os dois Corpos-de-Exército – Tabela II (TABLE II), e também o quantitativo máximo autorizado de munições estocadas de diversos tipos – Tabela III (TABLE III).
Entretanto, desde a assinatura do tratado, a 28 de junho de 1919, a Alemanha tentou tirar partido do desentendimento entre os vencedores, para burlar tal instrumento jurídico. Aproximando-se da Rússia, pelo Tratado de Rapallo (1922), os alemães puderam fabricar e aperfeiçoar seu armamento na URSS. O Gen Alemão Von Seeckt encarregou-se da reorganização do “grande exército alemão”, a partir de 1921, que passou a ser conhecido como Wehrmacht.
Cabe destacar que, dentre as perdas, estão: a região de Schlesvig Setentrional, para a Dinamarca; Território de Memel, ocupado pela Lituânia; Prússia Ocidental, Silésia e Posnânia, cedidas à Polônia; Alsácia e Lorena, devolvidos à França, junto com a produção carbonífera da região do Sarre; Elpen e Malmedy, entregues à Bélgica. Foi ainda vedado à Alemanha unir-se com a Áustria, ter o controle dos rios navegáveis, a posse das colônias e também pagar uma indenização de 136 bilhões de marcos (moeda alemã à época), em 1921.
Em 1929, a Grande Depressão Econômica causou desastrosos efeitos nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, mas foi fatal para a Alemanha. Em 1930, havia mais de três milhões de desempregados, os pagamentos das indenizações não podiam ser cumpridos e os aliados responderam com a ocupação do Vale do Saar.
Em meio à confusão econômica e política, o governo de Weimar tentou sobreviver, e as eleições de 1932 indicaram um grande fortalecimento dos nazistas no Reichstag (Parlamento alemão), o que levaria o Presidente Hindenburgo a “permitir que o partido dos Camisas Cinzentas, liderados por um obscuro ex-cabo do exército alemão chamado Adolf Hitler, formasse um novo governo, em 1933” (JOHNSON, 2001, p. 24).
Quando Hindenburgo morreu, em 1934, Hitler finalmente assumiu a presidência por força de um plebiscito, tendo realmente começado a revolução nazista. Eliminando seus adversários políticos, inclusive companheiros de partido, Hitler emergiu como o chefe supremo e inconteste do movimento nazista.
Após recuperar a Alemanha social e economicamente, em 1936, o nazismo já era um respeitável movimento de massa. Consolidado no governo, Hitler passou a pensar na política exterior e, liderando o III Reich, aumentou o “espaço vital” da Alemanha, multiplicando seus “golpes de audácia” no campo político e militar.
Utilizou os Jogos Olímpicos de Berlim (1936) para fazer “propaganda” de seu regime, porém, um atleta chamado Jesse Owens atrapalhou seus planos.

Fonte: Britannica – Referência externa
Para Silveira (2001, p. 24), os objetivos diplomáticos de Hitler já haviam sido explicados no livro Mein Kampf, e incluíam a “união com a Áustria e outros povos germânicos da Europa (Anschluss), e uma área de expansão que incluía a Rússia e a Ucrânia, mas esperava evitar um confronto com a Inglaterra e os EUA, pois suas aspirações não incluíam um vasto império além-mar inicialmente”.
O III Reich começou então a pôr em prática a política do espaço geográfico vital.

Fonte: Commons Wikimedia – Referência externa
Algumas medidas foram adotadas, com o intuito de preparar a Alemanha para a guerra. Eis algumas delas: o restabelecimento do serviço militar obrigatório, em 1935; a participação indireta da Alemanha, na Guerra Civil Espanhola, que acabou servindo como laboratório, onde o Heer e a Luftwaffe testaram suas armas e homens; a declaração de nulidade do Tratado de Versalhes, em 1937 e, por fim, a anexação da Áustria, em 12 de março de 1938, dos Sudetos, a 30 de setembro e de Memel, em 24 de março de 1939.
Referências
SILVEIRA, Joaquim Xavier da. A FEB por um Soldado. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Ed.; Rio de Janeiro: Editora Expressão e Cultura – Exped Ltda., 2001.
ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS. SEÇÃO DE ENSINO “A” – AMAN. Resende: AMAN, 2005. 1 compact disc (ca. 679 Mb).
JOHNSON, Norman K. Hitler’s Campaign to Win Brazil. In: A FEB por um Soldado. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Ed.; Rio de Janeiro: Editora Expressão e Cultura – Exped Ltda., 2001.