Euclydes Zenóbio da Costa
5377 – EUCLYDES ZENÓBIO DA COSTA
FILIAÇÃO
José Zenóbio da Costa e Hermínia Mendes Gonçalves da Costa.
ANTES DA GUERRA
Apresentou-se, voluntariamente, e foi soldado de 30 Nov 1911 a 11 Mar 1912, no 2º Regimento de Cavalaria Divisionária, seguindo para a Escola de Artilharia e Engenharia, a fim de efetuar matrícula na Escola de Guerra.
Em 5 Abr 1915, foi declarado aspirante-a-oficial, indo servir no 13º Regimento de Cavalaria e na Fortaleza da Lage, ambos na capital federal.
Prosseguiu seus estudos na Escola Militar do Realengo, onde concluiu os cursos de Infantaria e Cavalaria, em 1916.
Em 5 Jul 1917, foi promovido a 2º tenente e classificado no 55º Batalhão de Caçadores (capital federal); em 1919 foi transferido para a 3ª Companhia de Metralhadoras Pesadas do 3º Regimento de Infantaria, em São Gonçalo, RJ, onde foi promovido a 1º tenente, em 12 Jan 1922.
Em 14 Mar 1923, apresentou-se na Escola Militar, na capital federal. Entre maio e setembro de 1924, participou de operações no Paraná e São Paulo, em repressão às ações da Coluna Prestes.
Em 1º Mar 1926, por decreto presidencial, foi comissionado no posto de tenente-coronel e assumiu o comando da Força Pública do Estado do Maranhão e a chefia da polícia da Capital do Estado; entre 16 Nov e 13 Dez 1927, desempenhou a função comissionada de prefeito municipal São Luiz, MA. Por duas vezes, desempenhou interinamente as funções de Secretário-Geral do Estado do Maranhão. Foi promovido a capitão em 2 Jul 1928. Em 1º Mar 30, foi dispensado da comissão de comandante da Força Pública do Estado do Maranhão.
Em março de 1930 apresentou-se no 1° Regimento de Infantaria (RI), no Rio de Janeiro, onde permaneceu até janeiro de 1931, quando passou à disposição do Comando da 8ª Região Militar, a pedido do interventor federal no Estado do Maranhão.
Entre 14 Abr 1931 e 31 Dez 1933, serviu no 3º Regimento de Infantaria, na Capital Federal, com o qual participou de operações de combate à Revolução Constitucionalista, em 1932, no Estado de São Paulo. Em 5 Ago 32, foi promovido a major por ato de bravura durante as ações em solo paulista. No segundo semestre de 1933 concluiu o curso da Escola de Infantaria.
Em 2 Out 1934, foi promovido a tenente-coronel, sendo excluído do estado-efetivo, mas ficando adido ao 3º RI, à disposição do Estado-Maior do Exército (EME).
Em fevereiro de 1935, foi matriculado no curso de Estado-Maior. Concomitantemente, foi comissionado na Prefeitura do Distrito Federal. Em 24 Dez 1936, concluiu o curso no EME.
Em 23 Ago 1937, assumiu o comando do 8º Batalhão de Caçadores (8º BC), de São Leopoldo, RS. Em 18 de outubro, seguiu para a região de Gravataí, RS, comandando o destacamento constituído pelo 8º BC, 2ª Companhia do 9º RI e 3º Grupo de Artilharia de Dorso, e deslocou-se a Porto Alegre para manter a ordem após a renúncia do governador do RS José Flores da Cunha. Em 3 Fev 1938, deixou o comando do 8º BC e, em 3 de maio desse ano, foi promovido a coronel.
De 2 de Ago 1938, assumiu o comando do 14º RI, de São Gonçalo, RJ, renomeado para 3º RI em janeiro de 1940. Passou o comando dessa unidade em 9 Maio 1940, quando passou à disposição do Comando da 9ª Região Militar (Mato Grosso), a fim de exercer funções em comissão até 14 de agosto. Em 14 do mesmo ano, reassumiu a função de comandante do 3º RI, passando-a definitivamente em 4 Set 1941.
Em 5 Set 1941, foi promovido a general de brigada. De 19 Nov 1941 a 3 Mar 1943, comandou a 8ª Região Militar, com sede em Belém, PA.
De 13 de abril a 29 de maio de 1943, comandou a Infantaria Divisionária da 2ª Região Militar (ID/2), com sede em Caçapava, SP.
De 1º de julho a 30 de agosto de 1943, exerceu a função de Diretor das Armas, na Capital Federal. Entre agosto e novembro de 1943, estagiou no Exército dos EUA.
Em 6 Dez 1943, foi nomeado comandante da Infantaria Divisionária da 1ª DIE pelo presidente da República (Boletim Reservado do Exército nº 22, de 28 Dez 1943).
Em 3 Jan 1944, passou o comando da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, que exercia interinamente, ao Gen. Mascarenhas de Moraes. Substituiu o Gen. Mascarenhas de Moraes quando esse se ausentava por motivo de serviço.
Em 5 Fev 1944, assumiu o comando da Infantaria Divisionária da 1ª DIE, passando a coordenar o preparo centralizado.
Em 22 Abr 1944, assumiu o comando do Destacamento Precursor, composto da 1ª DIE e órgãos não expedicionários.
Em 1º Jul 1944, integrando o 1º escalão da FEB, embarcou no navio de transporte de pessoal General Mann, que desatracou em 2 de julho.
DURANTE A GUERRA
Comandou a Infantaria Divisionária da 1ª DIE; tinha sob o seu comando 9.264 homens.
Em 16 Jul 1944, às 13h 30min, desembarcou no Porto de Nápoles, Itália; após o de desembarque, deslocou-se para Bagnoli, e, em 27 de julho, deslocou-se para a Tarquinia, a fim de reconhecer o novo local de estacionamento dos elementos da D.I.E, ocupada a partir de 1º de agosto.
A partir de 5 Ago 1944, foi incorporado ao 5º Exército dos Estados Unidos. Em 18, deslocou-se para Rosignano, nas proximidades de Vada, onde chegou no mesmo dia e acantonou.
As seguintes referências elogios dão destaque à sua atuação na Itália.
Em 5 Out 1944, foi publicado o seguinte louvor:
“As felicitações enviadas a este Comando pelo Sr. Gen. MARK CLARK, Cmt. do 5º Ex. Norte-Americano, em sua mensagem de 18, publicada no Bol. nº 38, de 22, tudo do corrente, constituíram justo motivo de orgulho para toda F.F.B., que não tem poupado esforços e sacrifícios para manter bem alto o renome do Exército Brasileiro no Teatro de Operações da Itália. Desde 15 do corrente, o Destacamento do Escalão Avançado da 1ª D.I.E., sob o Comando do GENERAL EUCLYDES ZENÓBIO DA COSTA, tendo ingressado ria ordem de batalha do IV Corpo de Exército no Setor que lhe foi designado, vem cumprindo com notável precisão e entusiasmo as missões que lhe têm sido determinadas pelo Comando daquele Corpo. A progressão contínua numa profundidade superior a 12 kms., em três dias, manobrando habiImente num terreno excepcionalmente difícil, os nossos soldados se tornaram dignos da admiração dos seus Chefes brasileiros e, com particular destaque dos Chefes Norte-Americanos, Gen. MARK CLARK, Cmt. do 5º Ex., e Gen. CRITTENBERGER, Cmt. do IV Corpo. É, pois, com imensa satisfação que, ao assinalar a libertação das localidades de QUIESA e MASSAROSA e, em particular, da cidade de CAMAIORE, conquistada brilhantemente ao inimigo, em hábil e bem conduzida manobra, que cito o nome do General EUCLYDES ZENÓBIO DA COSTA, Comandante das tropas executantes, pela sua alta capacidade de realização, perseverança e destemor com que enfrentou e venceu todas as dificuldades e perigos criados pelo inimigo, dando aos seus comandados uma exemplar demonstração de amor a responsabilidade, espírito ofensivo e confiança na sua tropa, animando-a com a sua presença , nas circunstâncias mais difíceis”.
Em 4 Nov 1944, foi publicado o seguinte louvor:
“Ao assumir a direção das operações da 1ª D.I.E., sirvo-me da oportunidade para destacar a ação brilhante e segura do General EUCLYDES ZENÓBIO DA COSTA no comando do 6º Grupamento Tático (F.E.B.), onde obteve êxitos que bem traduzem a firme orientação que soube imprimir às operações, durante aquele período. O Gen. ZENÓBIO DA COSTA vem confirmar, na Itália, as brilhantes qualidades de chefe dotado de energia e capacidade de ação invulgares, com que sempre se impôs e se fez conhecido no Exército Brasileiro. A F.E.B. nos seus primeiros choques com o inimigo, em terras italianas deve os seus primeiros sucessos não somente ao valor da nossa tropa, como também ao espírito ofensivo, a coragem pessoal e a criatividade de condutor de homens que exortam a personalidade singular do General ZENÓBIO DA COSTA. A esse respeitável Chefe, louvo e agradeço a sua eficiência e valiosa cooperação, que muito concorreu para o aIto conceito em que é tida, neste Teatro de Operações, a Força Expedicionária Brasileira”.
Em 27 Mar 1945, foi publicado o elogio, consignado pelo general Crittenberger, comandante do IV Corpo, nos seguintes termos:
“A missão ofensiva do 1º R.I. reforçado, sob o Comando do Gen. Zenóbio, estendeu-se de Pizzo de Campiano até o ponto 1.053, garantiu a segurança do exposto flanco esquerdo da operação. A agressiva sondagem para Noroeste, bem dentro do território inimigo, resultou no desmantelamento de suas reservas que progrediam, e na captura de numerosos prisioneiros, com a correspondente e valiosa identificação das Unidades em nossa frente. Cada patrulha ou golpe de mão tentados pelo inimigo, foi rapidamente rechaçado, sendo-lhe impostas perdas em homens e material que ele não podia permitir”.
Ainda em 27 Mar, foi publicado o elogio consignado pelo Cmt. da 1ª D.I.E., nos seguintes termos:
“Comandante do Grupamento, felicito e elogio pela perfeita execução dada a missão que recebeu daquele setor da Divisão, numa zona de grande responsabilidade constitui uma das formas de colaborar na segurança do movimento ofensivo que se iniciou a 3 de março. A rapidez, a agressividade com que agiu, o sistema de fortes patrulhas lançado pela tropa, desmantelando a ameaça que o inimigo mantinha no flanco; foi certamente o fruto das ordens emanadas do Sr. Gen. Zenóbio, Comandante do Grupamento de Oeste, cuja execução pessoal desveladamente controlada por ele, alcançou todos os seus objetivos, apesar de grandes sacrifícios que se impunham. A defesa do conjunto de Pizzo de Campiano -Monte Belvedere, nas condições em que foi feita, a cargo de uma tropa ainda não refeita dos exaustivos esforços dispendidos nos ataques dos dias anteriores, representa uma demonstração rara de energia, espírito de sacrifício e destemor no cumprimento de missões de guerra, amor a responsabilidade e grande iniciativa que muito honra o Comandante do Grupamento de Oeste e valem como um exemplo. A perfeição e a segurança com que foi executada essa difícil missão, constituíram, certamente, fatores de êxito para as ações ofensivas, que, sob meu Comando, se iniciaram no dia 3, porque levaram a desmoralização às fileiras inimigas, nessa difícil parte de nossa frente”.
Em 26 Maio 1945, foi publicado o seguinte louvor, consignado pelo comandante de 1ª D.I.E.:
“Ao finalizar a campanha no Teatro de Operações da Itália, com êxito completo das armas brasileiras, é com satisfação que passo em revista os excelentes serviços prestados à 1ª D.I.E. pelo General Euclydes Zenóbio da Costa, nas diversas fases da sua atuação contra o inimigo. Em 15 de Setembro de 1944 entrou em linha Comandando o 6º Grupamento Tático, conduzindo as operações а seu cargo com energia, perfeita segurança e destemor. Apesar de nenhuma experiência de nossas tropas naquela época e do terreno hostil em que se devia bater, conseguiu impregná-la do espírito ofensivo que se impunha, para cumprir com brio todas as missões que recebeu, não só no eixo Camaiore -Monte Prano, como no Vale do Serchio. Retornando ao Comando da I.D.E./1 desde 30 de outubro de 1944, quando já reunida a 1ª D.I., no teatro de operações, continuou a ser o colaborador leal, destemido, pronto para receber sem vacilação qualquer missão que o Comando da Divisão entendesse de lhe atribuir, na esfera de suas atribuições. Animoso, perseverante e dotado de extraordinária capacidade de ação, sua ação de Comando se transmite intensamente a todos os escalões subordinados e a todos os ramos de atividades, que dependam a sua autoridade, concorrendo assim para que a sua execução se processasse na forma ordenada. Na campanha do Vale do Rio Reno, quer durante os meses da Ofensiva de Inverno, quer depois de tomarmos a iniciativa das operações, a partir de 19 de fevereiro de 1945, sua ação foi sempre oportuna e visando o levantamento moral da tropa. Comandou o ataque de 12 de dezembro a Monte Castello e acompanhou como representante do Comandante da 1ª D.I.E., a ação vitoriosa da infantaria, sobre esse mesmo Monte no dia 21 de fevereiro de 1945. Posteriormente assumiu o Comando do Grupamento de Oeste para garantir o flanco esquerdo do IV Corpo, durante o prosseguimento das operações para Castelnuovo e Castel D’Aiano. Apesar da curta duração deste período, caracterizou-se mais uma vez pela grande vibração de todos os órgãos de execução, graças a sua ação de comando. No período da Ofensiva da Primavera, iniciada a 14 de abril e que nos levou ao término da guerra e uma série de golpes fulminantes, sua colaboração preciosa se revestiu sempre do mesmo aspecto; dedicada e destemida, intensa e enérgica, sem poupar sacrifícios, em Montese, Zocca e Gaiano, sua presença junto à Infantaria, sempre foi um poderoso estímulo para os combatentes. Particularmente no combate de Collechio -Fornovo di Taro, conseqüência natural de uma série de brilhantes golpes da nossa Infantaria, soube imprimir, com esse entusiasmo e espírito agressivo que já nos habituamos a admirar, tal impulso às ações que tivemos a ventura de obter a rendição incondicional da 148ª Divisão Alemã e restos da Divisão Bersaglieri “Italia” e 9ª Panzer Granadier nas jornadas de 28 e 29 de abril de 1945, prestou oportuna assistência ao Comando da Divisão, nos entendimentos com os parlamentares e na missão que lhe foi dada de acompanhar preso o General de Divisão Italiano, Mario Carloni, ao 5º Exército. E assim transcorreu a Campanha. E assim terminou. É com satisfação, pois, que transmito no General Zenóbio os meus agradecimentos e irrestrito louvores, pela valiosa cooperação que prestou no Comando da 1ª D.I.E., durante essa longa difícil fase de nossa vida profissional, fazendo os melhores votos pelo feliz e rápido desenvolvimento de sua carreira”.
Em 6 Jul 1946, embarcou no navio de transporte General Meigs em Nápoles, com destino ao Rio de Janeiro, onde chegou em 18 de julho.
APÓS A GUERRA
Em 29 Jan 1946, deixou o comando da ID/1ª DIE, por extinção da mesma.
De 21 Fev a 20 Maio 1946, foi adido militar junto à embaixada do Brasil na Itália.
Em 9 Maio 1946, foi promovido a general de divisão.
Entre junho de 1946 e fevereiro de 1954 exerceu o comando da 1ª Divisão de Infantaria, da Zona Militar Leste e da 1ª Região Militar, no Rio de Janeiro.
De 27 Fev a 28 Ago 1954 e de 1º Jul a 25 Ago 1955, exerceu a função de Ministro de Estado dos Negócios da Guerra.
Entre maio de 1955 e maio de 1957, exerceu as funções de inspetor geral do Exército, chefe do Departamento Geral da Administração e do Departamento Geral do Pessoal.
Transferido para a reserva em 10 de maio de 1957, foi promovido a Marechal do Exército.
Entre 1958 a 1961, exerceu o cargo de embaixador na República do Paraguai.
Faleceu no dia 29 de setembro de 1963, no Rio de Janeiro.
Em 19 Fev 1964, pelo Decreto Presidencial nº 53.563, em reconhecimento ao entusiasta e incentivador da Polícia do Exército, foi concedida a denominação histórica “Batalhão Marechal Zenóbio da Costa” ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, cujo estandarte-distintivo foi aprovado pelo Decreto Presidencial nº 58.595, de 10 Jun 1966.
OBSERVAÇÕES
Comandou a Infantaria Divisionária da 1ª DIE; tinha sob o seu comando 9.264 homens.
MEDALHAS E CONDECORAÇÕES
Grã Cruz da Ordem Militar de Avis (Portugal)
Grã Cruz da Ordem Nacional do Cedro (República do Líbano)
Grande Oficial da Ordem da Coroa da Itália (Itália)
Medalha Comemorativa do Centenário de Nascimento de Ruy Barbosa
Medalha Comemorativa do Centenário de Nascimento do Barão do Rio Branco
Medalha da Legião do Mérito do Exército Americano, no grau Comandante (EUA)
Medalha da Ordem de Trujillo (República Dominicana)
Medalha de Campanha
Medalha de Guerra
Medalha de Ouro Instituto de Socorros a Náufragos (Portugal)
Medalha Estrela de Bronze – Bronze Star (EUA)
Medalha Maria Quitéria
Ordem do Império Britânico (Grau Comandante Honorário)
FONTES
Histórico do Pessoal Militar – Folhas de Alterações (Arquivo Histórico do Exército) – https://www.eb.mil.br/web/campanhas/feb/herois/gen-zenobio (acessado em 25 Fev 25) e https://ihgms.org.br/personalidade/euclides-zenobio-da-costa (acessado em 7 Abr 25).
CRÉDITOS
Museu Virtual da FEB / Fröhlich, Sirio S.