João Batista Moreira

13420 – JOÃO BATISTA MOREIRA

FILIAÇÃO
Leontino Augusto Diniz Moreira e Maria do Carmo Costa Ferreira.

ANTES DA GUERRA
Nascido em Contagem – MG em 12 de junho de 1922.
O pai era Delegado de Polícia em Contagem até que uma das filhas, aos 17 anos, engravidou. Com o escândalo, a família mudou-se para Belo Horizonte

A partir dos dez anos, foi encarregado pelo pai de transportar, em uma carroça, latões de leite a ser vendido pela cidade.
Cumpriu o serviço militar e, entre os dezenove e os vinte anos. Licenciado, foi admitido como funcionário em uma casa comercial na capital mineira.
Pouco tempo depois, o Brasil declarou guerra aos países do Eixo e dois irmãos da família Moreira foram convocados: Alysson (dois anos mais velho) e João.
Apresentaram-se, fizeram os exames médicos, foram selecionados e iniciaram os treinamentos. Alysson mostrava-se muito nervoso e preocupado. Com a instituição da lei que previa que, no caso de haver mais de um membro convocado por família, o mais novo poderia solicitar sua dispensa.
Entretanto, ante o estado emocional do irmão, João sugeriu que o irmão requeresse a dispensa para que ele fosse para a guerra.
João foi integrado como Cabo no 11º RI, de São João del-Rei. De lá, partiu para o RJ para o preparo centralizado.
Partiu rumo à Itália a bordo do navio General Meigs integrando o 3º escalão da FEB (Grupamento General Falconière).

DURANTE A GUERRA

Atravessou a linha do Equador no dia 27 de setembro e entrou no mar Mediterrâneo no dia 3 de outubro. No dia 6, às 9 horas, chegou a Nápoles, na Itália. Permaneceu a bordo até o dia 9, quando fez o transbordo para uma Landing Craft Infantry (embarcação de desembarque de infantaria), prosseguindo a viagem até Livorno. Desembarcou em 11 Out 1944, sendo conduzido para o acampamento em Tenuta di San Rossore, próximo a Pisa.
Em 27 Out 1944, foi público ter sido integrado ao 5º Exército Norte-Americano, operacionalmente subordinado ao IV Corpo de Exército e à Infantaria Divisionária Expedicionária/1 desde a sua chegada a Livorno.
Após concluir a preparação para o combate em Filettole, em 1º Dez 1944, entrou em linha no setor Oeste, sendo considerado em combate. No dia 8 de dezembro, entrou em posição em Gaggio Montano. No dia 12, seguiu para Monte Castelo, passando para a reserva em 13 de janeiro.
Em 27 Jan 1945, foi elogiado individualmente pelo comandante da Companhia, nos seguintes termos: “Na sua função cumpriu integralmente as suas missões com boa vontade e desprendimento, vencendo todas as dificuldades que lhe apresentou o rigor do frio e o inimigo sempre vigilante”.
Em 10 de fevereiro entrou em posição em Columbareta, indo ocupar as cotas 661, 739 e 751.
Em 3 de março, participou, com a 10ª Divisão e Montanha Americana, da conquista de Cá di Giansimone-Narachia-Rocca-Pitigliana, tendo antes ocupado Bordignone.
Em 5 de março tomou parte da conquista de Castelnuovo. Após sair de posição acantonou em Porreta Terme.
Em 10 de março, deslocou-se para o Morro della Torracia, em substituição ao 85º RI Americano e o C.A.O. do 1º RI, ficando a sua subunidade na reserva.
Em 4 de abril, foi elogiado individualmente pelo comandante da Companhia, nos seguintes termos: “Motorista. Trabalhador incansável, em todas as zonas de ação desta sub-unidade, não tem encontrado dificuldades nas estradas que não tenha sabido vencer, levando a bom termo em estradas quase sempre batidas pelo inimigo, víveres e munição”.
Em 12 de abril, foi elogiado individualmente pelo comandante da Companhia, nos seguintes termos: “Cabo motorista tem desempenhado as suas funções com muito acerto e eficiência. Zeloso com a ‘sua’ viatura, possuidor de perfeito conhecimento de sua especialidade, destemido e audaz, tem facilitado muito o abastecimento. Nunca exitou em trafegar por estradas batidas pelo inimigo, desde que fosse necessário, noite e dia, sempre procurou cumprir qualquer ordem recebida, o cabo Moreira tornou-se digno de meus louvores pelas suas qualidades, iniciativa, coragem e nítida compreensão de seus deveres”.
Em 18 de abril, deslocou-se para Montese, em substituição ao II/6º RI. Ocupando posições de combate e progredindo, conquistaram Monte Buffone, Salto, Maiolo e Rochido.
Em 26 de abril, seguiu com a sua companhia para Collecchio, na vanguarda da coluna de ataque. Em 29, a companhia atravessa o rio Pó, ocupando Cremona. Em 4 de maio, deslocou-se para o acampamento de Alessandria.
Em 29 de junho, foi publicado ter sido indicado pelo comandante do 11º RI para receber a medalha Cruz de Combate de 1ª Classe.
Em 30 de junho, publicou ter recebido o título de Membro Honorário do IV Corpo de Exército. Na mesma data foi elogiado individualmente nos seguintes termos: “Foi notável a ação desse auxiliar que foi incansável, correspondendo a todos os esforços que dele se exigiu como motorista de duas viaturas da Companhia de Fuzileiros. Interessado na manutenção do seu carro, sempre o apresentou em condições quando pedidos, enfrentando com energia, coragem e desprendimento as intempéries e os bombardeios inimigos para atender ao suprimento da Companhia. Louvo-o e agradeço pelas suas qualidades e pelo muito que fez por esta sub-unidade”.
Em setembro, deslocou-se de Francolise a Nápoles, onde embarcou com o RI no navio General Meigs, tendo desatracado no mesmo dia. Chegou ao Rio de Janeiro, onde atracou às 8h 30min do dia 17 Set 1945.

APÓS A GUERRA
Ao retornar da Itália, João não quis permanecer nos quadros do Exército e foi licenciado em 30 Set 1945, indo residir em Belo Horizonte.
Foi admitido na Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional; inicialmente, como motorista, a serviço do Delegado Fiscal.
Dedicado e muito inteligente, na medida em que ia se qualificando, foi promovido a outros postos.
Posteriormente, a Delegacia Fiscal foi incorporada à Justiça Federal, onde João permaneceu, até a aposentadoria, como Técnico Judiciário.
No ato de sua aposentadoria, o Juiz Federal, seu amigo, indagou-lhe:
“Você não tem uma única falta ao trabalho. Nem na hora de nascerem os filhos, você ficava em casa”?
Ele: “Nasceram em fins de semana”. E dava aquelas risadas deliciosas, uma de suas marcas.
Ao retornar da Itália, conheceu Stela, irmã da namorada do primo Gastão, também Pracinha – padioleiro na Itália. Stela morava na Fazenda da Serra, em Contagem e os dois se encontravam de quinze em quinze dias. João ia até lá a cavalo. Stela atrasava o relógio do seu pai para que o namoro “tivesse mais um tempinho”, até que seu Zeca desconfiava que era muito mais tarde da noite. Casaram-se e dessa união feliz nasceram seus quatro filhos.
João costumava brincar que deveria se chamar Felicíssimo, pois sobreviveu a uma guerra, construiu com Stela uma família linda e uma vida confortável.
Em 19 dezembro de 2015, aos 93,5 (ele fazia questão de dizer que tinha noventa e três anos e meio), faleceu tranquilo, com problemas pulmonares, em casa e rodeado pela família.

MEDALHAS E CONDECORAÇÕES

  • Medalha da Vitória (ANVFEB)

  • Medalha de Campanha

  • Medalha do Pacificador

  • Medalha Marechal Mascarenhas de Moraes (ANVFEB)

FONTES
Histórico do Pessoal Militar (Folhas de Alterações cedidas pelo Regimento Tiradentes) e informações de familiares.

CRÉDITOS
Museu Virtual da FEB / Fröhlich, Sirio S.