Adhemar da Costa Machado

11216 – ADHEMAR DA COSTA MACHADO

FILIAÇÃO
Alice de Oliveira Machado e João da Costa Machado.

ANTES DA GUERRA
Nasceu em Sertãozinho, SP, em 2 de junho de 1921
Estudou no Colégio Metodista, em Ribeirão Preto, SP.
Em 9 Jul 1932, eclodiu, em São Paulo, a Revolução Constitucionalista, movimento armado com o apoio de setores da sociedade paulistana contra o governo de Getúlio Vargas e por nova constituição para o país. O seu pai, que servia no Tiro de Guerra de Ribeirão Preto, foi deslocado para o Regimento de São Paulo. Após a rebelião, todo o corpo militar de São Paulo foi expulso do Exército, sendo substituído por integrantes das tropas federais. Por cerca de um ano e meio, até o pai ser reintegrado às fileiras do Exército, a família viveu de favor em casas de amigos e familiares.
Reintegrado ao Exército, João Machado foi classificado em Caçapava, SP, no ano de 1934. Na ocasião, Adhemar tinha13 anos, e foi matriculado no ginásio de Taubaté, onde se formou no ano de 1938.
Com a ajuda do capitão Roberto Miscow, que ministrava aulas particulares e gratuitas após as 21h30, ingressou na Escola Militar. Na época, Adhemar estudava pela manhã em Taubaté e, à tarde, trabalhava na Prefeitura.
Em 10 Mar 1943, foi declarado aspirante a oficial, na Escola Militar de Realengo, sendo classificado em Curitiba, PR.
Às vésperas da guerra, foi transferido do 15º Batalhão de Caçadores para o 6º Regimento de Infantaria (RI), sediado em Caçapava.
Em 17 Mar 1944, deslocou-se com o 6º Regimento de Infantaria (RI) para o Rio de Janeiro, onde chegou no mesmo dia, acantonando no Batalhão Escola, na Vila Militar.
Às 23h 30min de 30 Jun 1944, embarcou no navio de transporte de pessoal General Mann, que desatracou do porto do Rio de Janeiro, com destino a Nápoles em 2 Jul 1944.

DURANTE A GUERRA
Desembarcou no porto de Nápoles, Itália, entre as 13 e as 15 horas do dia 16 de julho. Por via férrea seguiu para a região de Bagnoli e de lá, a pé, para a de Agnaro, onde acampou.
De 1º Jul a 7 Ago, ocupou funções de subalterno da Companhia de Canhões Anti-Carro do 6º RI. No dia 4 de agosto foi público que ter-se deslocado com o RI de Agnaro para Litoria (de trem) e, de lá, em caminhão, para Tarquinia.
De 8 a 20 de Agosto, frequentou o curso de adaptação de comando de companhia e pelotão junto ao 5º Exército Americano, em Caserta. De 21 Ago a 31 Dez 1944, permaneceu nas funções de subalterno da Companhia de Canhões Anti-Carro (CCAC) do 6º RI.
Em 13 de setembro, acampou na elevação de Fornace. Em 14, foi público ter-se deslocado com o RI para a região de Vada e Ospedaletto, chegando no mesmo dia, ocupando-as. De lá, o RI deslocou-se para Bequiano, substituindo o 334º Regimento de Infantaria Americano na noite do dia 15, com a missão de progredir para o Norte.
Em 12 de outubro deslocado com o RI para Borgo a Mozzano e em 30, para Osteia.
Em 5 de de novembro, deslocou-se com o RI para para a frente de Porreta Terme e, em 6, dessa para Marano, entrando em linha.
Em 22 de novembro a CCAC deslocou-se para a região de Granaglione, permanecendo na frente de Porreta, juntamente com a Força Gardner.
Entre 10 de janeiro e 8 de maio de 1945, tomou parte em ações aliadas nas seguintes localidades: Porreta Terme, Riola, Roncale, Santa Maria Villiana, Morro della Croce, Soprassasso, Castelnuovo, Vidiciático, Gaggio Montano, M. Serra Sicia, Montese, Pietra Colora, Zocca, Giulia, Panaro, Maranello, San Polo d’Enza, Collecchio, Fornovo di Taro, Viguzzola etc.
A partir de então as frações do 6º RI iniciaram o deslocamento para o acampamento de Francolise, onde o seu pelotão chegou em 9 de junho e permaneceu até 6 Jul 1945.
Em 6 Jul 1945, embarcou, no porto de Nápoles, no navio General Meigs, chegando ao Rio de Janeiro em 18 Jul 1945.

Referências elogiosas individuais:
– Em 16 de junho foi louvado pelo capitão Edgard Hecker de Abreu, comandante da CCAC, nos seguintes termos: “Louvo o segundo-tenente Ademar da Costa Machado, comandante do Pelotão de Canhão Anti-Carro, pelo modo consciente, pela eficiência e dedicação com que instruiu o seu pelotão, apresentando perfeitos abrigos, tiros precisos, espaldões e disfarces em ótimas condições.
– Em 2 de maio, ou dia 2 de fevereiro, foi foi louvado pelo senhor comandante da CCAC, nos seguintes termos: “Segundo-Tenente Ademar da Costa Machado, Comandante do Pelotão Anti-Carro, pela calma, eficiência e bom desempenho dado a várias missões, como a defesa do quilômetro 35 da Estrada 64, onde, sob bombardeios diários, sempre impediram infiltrações inimigas, dando exemplo de coragem”.
– Em 3 de abril, foi assim elogiado pelo comandante de companhia: “Segundo-Tenente Ademar da Costa Machado, oficial muito inteligente, preparado, destemido e hábil comandante de pelotão. Tem desempenhado perfeitamente de todas as missões a ele confiadas, e pelo seu esforço e capacidade de trabalho individual”.
– Em 13 de abril, foi louvado pelo General João Baptista Mascarenhas de Moraes, comandante da 1ª DIE, nos seguintes termos: “A FEB congratula-se com o distinto grupo de oficiais atingidos com as promoções de 25 de março último, por considerarem um prêmio ao nosso esforço comum, atravessar a incógnita que era o Atlântico e vir lutar ombro a ombro com os nossos aliados, correndo os riscos de uma guerra para desagravar a honra nacional, ofendida em suas próprias águas, desenvolvendo suas atividades em vários escalões, com a série de vitórias que conquistamos em terras da Itália. E, por esse motivo devem sentir orgulho da promoção que os alcança em plena campanha, transmitindo-lhes pessoalmente as minhas felicitações e louvores. Agradeço a valiosa colaboração que o primeiro-tenente Ademar da Costa Machado prestou ao meu comando”.
– Em 28 de junho, foi louvado pelo comandante da CCAC, tendo em vista o item 24 do Boletim Reservado de 20 do corrente mês – parte de combate – nos seguintes termos: “Ao primeiro- tenente Ademar da Costa Machado, Comandante do 1º Pelotão de Canhões Anti-Carro, agindo sempre como fuzileiro, soube como transformar seu pelotão rápida e perfeitamente, cumprindo suas diferentes missões com eficiência, coragem e iniciativa, demonstrando sempre suas belas qualidades militares (Individual em Campanha).

Mensagem recebida – transcrição
Em 6 Abr 1945, foi transcrita do Boletim Interno nº 91, da 1ª Divisão de Infantaria de Exército, de 1º de abril, a mensagem recebida do QG do 15º Grupo de Exércitos, dirigida aos comandantes do 8º e 5º Exércitos: “A seguinte mensagem deve ser transcrita nos assentamentos de ‘todos os membros do vosso comando’ [grifado pelo MVFEB]. General Mark Clark. A pedido da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, unanimemente expresso, envio-lhe e aos oficiais e praças de todas as forças sob vosso comando, nossos agradecimentos pela esplêndida coragem e magníficas vitórias obtidas no front italiano, sob circunstâncias difíceis e que trouxeram a glória e prestígio às nossas armas combinadas. Assinado, Sam Rayburn, Speaker, United States House of Representatives”.

Diploma de Membro Honorário do 4º Corpo de Exército.
O Boletim nº 164 de, 16 Jun 1945, da Divisão de Infantaria Expedicionária publicou o seguinte: “Transcreve-se a tradução do diploma que o General de Exército Willis David Crittenberger entregou a este comando, conferindo o título de membros honorários a este comando, conferindo o título de membros honorários do 4º Corpo aos generais e todo o efetivo da Primeira Divisão de Infantaria Expedicionária. Quartel General do 4º Corpo. CONSIDERANDO que a Primeira Divisão de Infantaria Expedicionária lutou continuamente com o 4º Corpo de Exército durante a sua participação na campanha da Itália, e CONSIDERANDO que os seus chefes enérgicos e o espírito combativo de seus homens contribuíram grandemente para o sucesso do 4º Corpo no aniquilar dos exércitos alemães na Itália, CONSIDERANDO que as magníficas vitórias por ela alcançadas em Castello, Castelnuovo e na avançada do Vale do Pó abrilhantaram o nome das armas aliadas. Em consequência, no 4º dia de junho de 1945, nós, por esse documento, conferimos ao ilustre comandante General João Baptista Mascarenhas de Moraes e aos seus capazes assistentes, General Euclides Zenóbio da Costa, Marechal Oswaldo Cordeiro de Farias e ‘todo o pessoal da Primeira Divisão de Infantaria Expedicionária, o título de membros honorários do IV Corpo’ [grifado pelo MVFEB]. Willis D. Crittenberger, Major-General e U.S. Army Commandant”.

APÓS A GUERRA
Tendo concluído o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais em primeiro lugar no ano de 1951, foi nomeado para o quadro de instrutores da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO).
Em 1954, foi cursar a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, a ECEME, onde também obteve a primeira colocação, tendo permanecido, também, como Instrutor.
Foi designado Adido Militar junto à Embaixada do Brasil no Equador.
Em 25 Ago 1961, foi promovido ao posto de tenente-coronel. No ano seguinte, por término da missão no Equador, optou a retornar à Curitiba, apresentando-se no Quartel-General da 5ª Região Militar.
Foi subcomandante do Colégio Militar de Curitiba.
Em 1964, foi comandante interino do Curso de Preparação de Oficiais da Reserva de Curitiba.
Em maio de 1967, foi convidado para comandar o Batalhão da Guarda Presidencial em Brasília.
Em 9 Abr 1969, foi designado para servir no Conselho de Segurança Nacional, inicialmente como Adjunto da Secretaria-Geral e, mais tarde, como Chefe de Gabinete. Depois, foi designado para ser o subchefe do Gabinete Militar da Presidência da República, até atingir o generalato.
No dia 31 Jul 1974, foi promovido a general de brigada e designado para comandar a EsAO, no Rio de Janeiro, de setembro de 1974 a janeiro de 1977.
De 26 Jan 1977 a 5 Mar 1979, chefiou o Estado-Maior do I Exército (atual de Comando Militar do Leste).
De 8 Mar a 31 Ago 1979, comandou a 9ª Brigada de Infantaria Motorizada – Escola.
Em 19 Set 1979, assumiu a 2ª Subchefia do Estado-Maior do Exército, em Brasília, onde permaneceu até 9 Abr 1981.
De 23 Abr 1981 a 17 Ago 1983, foi comandante do Comando Militar do Planalto e da 11ª Região Militar.
De 14 Set 1983 a 17 Abr 1985, foi comandante do Comando Militar da Amazônia.
Em 22 Abr 1985, foi designado para chefia o Departamento de Ensino e Pesquisa, onde encerrou a carreira, em 11 Ago 1986.

Voto de Pesar – Requerimento nº 530/2003, apresentado pela Senadora Iris de Araújo
Senhor Presidente,
Requeiro, nos termos regimentais, seja apresentado pelo Senado Federal, voto de pesar pelo falecimento do General-de-Exército Adhemar da Costa Machado, apresentando condolências ao Comando do Exército Brasileiro e à família.
Justificação: Nascido em Sertãozinho, Estado de São Paulo, o ilustre general comandou algumas de nossas mais importantes campanhas militares, tanto lutas e revoluções internas, quanto combates travados em cenário internacional, caso da Segunda Guerra Mundial, quando exerceu o comando de Pelotão do Destacamento Olivier da Força Expedicionária Brasileira – FEB. Em todas as suas vitoriosas missões, colocou seu empenho a favor da unidade nacional. Exerceu vários comandos, dentre eles destacamos o Comando do Batalhão da Guarda Presidencial, o Batalhão Duque de Caxias, o Comando Militar do Planalto, Comando Militar da Amazônia e a Chefia do Departamento de Ensino e Pesquisa. O Exército Brasileiro reconheceu os serviços prestados à Nação brasileira, ao condecorá-lo com várias medalhas, sendo a mais importante a Medalha de Guerra. Exemplo para as gerações do presente e do futuro, o General Adhemar da Costa Machado deixa o legado da honestidade, do trabalho, da honradez, do amor ao próximo. Ele será para sempre lembrado como o homem que dignificou o Brasil, um grande patriota. Sala das Sessões, 3 de julho de 2003”.

MEDALHAS E CONDECORAÇÕES

  • Diploma de Membro Honorário do IV Corpo de Exército (EUA)
  • Medalha de Campanha
  • Medalha de Guerra

FONTES

CRÉDITOS
Museu Virtual da FEB / Fröhlich, Sirio S.