Darcy Lazaro

10052 – DARCY LAZARO

FILIAÇÃO
Pedro Monteiro Lazaro e de Julieta Duarte Monteiro Lazaro.

ANTES DA GUERRA
Em 13 Fev 1933, procedente do Colégio Militar do Rio de Janeiro, ingressou na Escola Militar de Realengo.

Em 4 Jan 1936, foi declarado aspirante a oficial da arma de Infantaria. Ainda neste ano, foi classificado no 2º Regimento de Infantaria (RI), no Rio de Janeiro, onde foi promovido a segundo-tenente.
Em Dez 1937, foi classificado no 8º RI, de Cruz Alta, RS, deixando de ser desligado por ordem do Ministro da Guerra. Foi promovido a primeiro-tenente.
Em 5 Mar 1938, apresentou-se no 7º RI, em Santa Maria, RS, onde permaneceu até 2 de julho daquele ano, quando foi transferido para a 2ª Companhia de Infantaria Montada, na mesma cidade. As referências elogiosas consignadas pelo seu comandante destacam o caráter e o amor à profissão, ao Exército e à Pátria, bem como as suas qualidades como atleta e líder da equipe de atletismo da Companhia.
Entre 13 Fev e 30 Mar 1939, ficou à disposição do QG da Infantaria Divisionária/3, onde, entre funções rotineiras, participou do Campeonato Regional, obtendo as seguintes classificações no Pentatlo Moderno Olímpico da 3ª Região Militar: Corrida de 1.500 metros e Cross-Country a Cavalo – 1º lugar; Natação 100 metros, Esgrima e Tiro de Revólver – 2º lugar. Classificação geral – Vice-Campeão.
Em 14 Jan 1939, foi transferido para o 8º RI, de Cruz Alta, RS, lá permanecendo até 17 Abr 1940.
Nomeado instrutor da Escola Militar de Realengo (EMR), no Rio de Janeiro, apresentou-se em 30 Abr 1940. Desempenhando as funções de auxiliar de instrutor de Infantaria e professor adjunto de organização do terreno e fortificações, recebeu diversas referências elogiosas destacando o seu alto valor como instrutor militar, eficiência profissional e atleta individual e líder formador de equipes desportivas.
Em 1943, foi classificado na 1ª Divisão de Cavalaria (DC), em Santiago, RS, onde desempenhou a função de ajudante de ordens do Gen. Alcio Souto, comandante 1ª DC. Em julho de 1943, foi promovido a capitão.
Desligado da 1ª DC em 6 Nov 1943, acompanhando o Gen. Alcio Souto, assumiu função no QG da Artilharia Divisionária/1 (AD/1), no Rio de Janeiro, em 16 Nov 1943. Acompanhou o comandante da AD/1 aos EUA, realizou estágio na Escola de Infantaria do Fort Benning, participou de atividades de infantaria no Fort Jackson e no Camp Croft e de Estado-Maior na Escola de Leavenworth, nos Estados Unidos da América.
Em 19 Nov 1944, foi classificado no Depósito do Pessoal da Força Expedicionária Brasileira (Efetivo de Substituição). Embarcou para a Itália em 22 Set 1945.

DURANTE A GUERRA
Chegando à Itália, foi integrado ao 1º Escalão do Depósito de Pessoal da FEB.

Em 26 Dez. 1944, foi incluído no estado efetivo do 11° RI, e designado para comandar a 1ª Companhia do 1º Batalhão.
Os seus deslocamentos em serviço mostram o quanto foi ativa a participação na Campanha da Itália. Lustrola, Guanella, Granaglione, Bombiana, Crociale,Silla, Vidiciatico, Riola Vecchia, Iola, Bicocchi, C. Pianella, Monte Orsello, Cá di Sola, Maranella, Casalgrande, Montecavallo, S. Polo D’Enza, Alessandria e Torino foram algumas das localidades por onde passou em ações isoladas, além das que esteve em ações de combate.
Em diversas referências elogiosas é possível constatar sua habilidade no exato cumprimento das ordens emanadas nos escalões superiores, nas diversas missões atribuídas à sua Companhia na fase de operações no vale dos rios Reno, Pó e Panaro, sem abrir mão da higidez e da segurança dos subordinados.
Citação de Combate do Gen. Mascarenhas de Moraes, de 6 Mar 1945, publicada em 11 Maio 1945: “No dia anterior a 1ª D.I.E. conquistara CASTELNUOVO, e agora, em prosseguimento da ação, cabia ao 1/11 R.I., além de outras, a missão de ocupar, em fim de jornada, as posições de C. SASSO. A 1ª Cia. Recebe o encargo da execução principal dessa missão. O inimigo estivera ativo e fora assinalado em C. SASSO. O terreno era-lhe inteiramente desconhecido, e inúmeras as dificuldades a superar. Às 16:10, ο CAPITÃO LAZARO sai da base de partida, impulsionado pelo exemplo de chefe, os seus comandados para missão que lhes cabia cumprir, mas a sua fortaleza de ânimo, a sua vontade de vencer não encontraram obstáculos. A sub-unidade, coêsa, bem coordenada, vae realizando magnífica progressão. Atinge os objetivos intermediários. Já noite, se avizinhava do objetivo final, e eis que de repente cai num campo largamente minado. Ao desconhecimento da situação inimiga, se vem juntar uma das mais traiçoeiras armas: a mina. Nem por isso se detém o CAPITÃO LAZARO – o seu ânimo não se quebra. Continua, embora mais lento, o avanço da sub-unidade. Treze homens jazem feridos, difíceis as ligações, aproxima-se o cansaço; apesar de tudo a 1ª Cia. Segue em direção ao objetivo final. Às 19:50 atinge C/SASS0 e aí prepara a instalação. Durante toda a noite trabalha a sub-unidade para consolidar as posições conquistadas. E após toda essa atividade incansável, a 1ª Cia. assegura a posse do terreno para a 1ª D.I.E.. A têmpera forte, a vontade inflexível, o ânimo ofensivo, a capacidade profissional, as qualidades morais do CAPITÃO LAZARO traduzem o valor dos nossos combatentes”.
Em 19 Abr e 21 Maio 1945, foi elogiado pelo comandante do 1º Batalhão nos seguintes termos:
“CAPITÃO DARCY LAZARO, Comandante da 1ª Cia, nas ações do dia 14 [de abril], executou a sua missão dentro do quadro de ordem que lhe estava afeto. Inteligente, audaz e cheio de iniciativa, deu às operações do 1/11 R.I. o seu brilhante concurso, protegendo o flanco esquerdo do Batalhão nas horas amargas de incertezas de contra ataques do inimigo. Concorreu brilhantemente na vitória para a conquista de Montese, protegendo e apoiando a ação da 2ª Cia. É com prazer que destaco essa brilhante expressão da arma de Infantaria apontando-o como exemplo aos melhores capitães”.
“CAPITÃO DARCY LAZARO, desde a marcha sobre o Panaro, na região de Montespechio, até a sua travessia em Vignola e o prosseguimento do deslocamento do Btl. para W, comandou o Capitão DARCY LAZARO o destacamento motorizado Vg do Batalhão. Nessa missão, demonstrou uma inteligência sadia e serena bravura. Percorrendo zonas ocupadas pelo inimigo e sobre as quais as informações eram vagas e, às vezes, inexistentes, jamais titubeou no cumprimento de sua missão, cumprindo-a com real destaque. Enviado a Susa, a fim de estabelecer ligação com a 27ª Divisão Francesa, desempenhou-se galhardamente dessa missão, obtendo informações sobre a 27ª Divisão Francesa em direção W. É um excelente capitão e muito fez para manter o elevado conceito do 1º Btl.”.
Em 28 Jun 1945, foi indicado para receber a medalha Bronze Star, por serviço meritório em combate e, em 30 Jun, lhe foi conferido o título de membro honorário do IV Corpo de Exército.
Em 10 Ago 1945, foi condecorado com a Cruz de Guerra com Palma (francesa) e em, em 15 de agosto, foi indicado para receber a medalha Cruz de Combate de 1ª Classe (FEB).
“Em 4/IX, às 17,00 hs. o Transporte Americano A.P. 116 – Gen. Meigs, conduzindo todo o R.I., desatracou do Porto de Nápoles (Itália) com destino ao Porto do Rio de Janeiro”, onde atracou às 8h 30min do dia 17 Set 1945.

APÓS A GUERRA
Em 1945, foi classificado na Diretoria de Motomecanização.

Em 31 Jan 1946, assumiu a função de Chefe do Serviço de Segurança dos Palácios Presidenciais, vinculado à Secretaria-Geral do Conselho de Segurança Nacional.
Em 8 Mar 1948, foi matriculado na Escola de Estado-Maior. Em 1950, terminou o curso com a menção “Bem”.
Em 1º Mar 1951, apresentou-se no QG da 2ª Região Militar (RM), em São Paulo. Em outubro de 1951 foi promovido a major. No período que permaneceu na 2ª RM, exerceu várias funções de Estado-Maior.
Em 3 Ago 1953, apresentou-se na Escola de Estado-Maior do Exército, por ter sido nomeado instrutor. Em 1956, foi designado para uma viagem ao Panamá e à Venezuela como representante do Exército. Em agosto de 1957, foi promovido ao posto de tenente-coronel.
Em 1959, foi nomeado comandante do Grupamento de Elementos de Fronteira (GEF), em Manaus, AM, onde permaneceu até agosto de 1960. Nesse período destacou-se no combate a atividades ilícitas na linha de fronteira, como Operação Javari-Curuçá, em exercícios e atividades na região amazônica, como é possível constatar na referência elogiosa consignada pelo Comandante Militar da Amazônia e 8ª Região Militar, Gen. Humberto de Alencar Castello Branco.
Neste mesmo ano foi nomeado oficial do Gabinete do Ministro do Exército, onde se apresentou em 4 Ago 1960.
Entre 10 Jan 1962 e 7 Jan 1963, comandou o 10° Contingente do 3º Batalhão do 2º RI (Batalhão Suez), no Egito. Na referência elogiosa consta: “à sua já destacada folha de serviços acrescentou este oficial, durante o tempo em que esteve no Oriente Médio, mais uma página de meritórias atividades, desempenhando com rara eficiência as funções de administrador e condutor de homens.”
Ao regressar do Oriente Médio, ficou adido ao 2º RI e, em maio de 1963, foi nomeado comandante do 4º Batalhão de Caçadores, em Lins, SP. Em dezembro, foi promovido a coronel.
Em fevereiro de 1964, foi classificado no Estado-Maior do Exército, no Rio de Janeiro. Em maio de 1964, foi nomeado Comandante do Batalhão da Guarda Presidencial, em Brasília, onde permaneceu até dezembro de 1965.
Entre dezembro de 1965 e dezembro de 1967, desempenhou a função de comandante da Polícia Militar do Estado da Guanabara.
Revertido ao serviço ativo de Exército, em fevereiro de 1968, foi nomeado para integrar o Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra e matriculado no Curso Superior de Guerra.
Em novembro de 1968, foi promovido ao posto de general de brigada e nomeado comandante da Infantaria Divisionária da 5ª Divisão de Infantaria (ID/5), em Ponta Grossa, PR, onde permaneceu até 9 Set 1969.
Entre 12 Set e 5 Nov 1969, foi Diretor de Aperfeiçoamento e Especialização e Comandante da Guarnição do Realengo.
Entre 5 Nov 1969 e 29 Jan 1970, desempenhou o comando e a direção de ensino da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, no Rio de Janeiro.
Entre 29 Jan e 25 Jun 1970, desempenhou a função de Diretor de Estudos e Operações de Comunicações.
Em 13 Jul 1970, assumiu o comando da 8ª Região Militar (RM), em Belém, PA. Em agosto, passou a exercer, cumulativamente, o Comando Militar da Amazônia e 12ª RM, em Manaus, AM.
Em 12 Nov 1971, foi nomeado para o cargo de subchefe do Exército no Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), em Brasília, DF, tendo assumido a função em 24 de novembro.
Em abril de 1974, foi promovido a general de divisão e, ao se despedir do EMFA, foi elogiado nos seguintes termos: “confirmou no EMFA suas altas qualidades de liderança, sua larga experiência profissional, sua extrema dedicação ao serviço, sua grande habilidade no trato e sua inteligência pronta”.
Em 3 Jan 1974, foi nomeado para o cargo de subchefe do Estado-Maior do Exército.
Entre 3 Maio 1974 e 28 Jun 1977, comandou o Comando Militar do Planalto e 11ª Região Militar, em Brasília.
O DOU de 13 Jun 1977, publicou a sua transferência para a reserva remunerada, efetivada com a passagem do comando do CMP/11ª RM.
Da longa referência elogiosa do Ministro do Exército, extraímos os seguintes termos:
“Após mais de quarenta anos de ininterrupta e profícua atividade profissional encerra sua brilhante carreira em pleno exercício de um importante comando”…
“Ao ingressar, o Brasil, na 2ª Grande Guerra, ao lado das nações que lutavam pela prevalência dos princípios democráticos, ameaçados pela tirania nazi-fascista, encontrou no jovem Capitão LAZARO um dos primeiros voluntários para integrar a Força Expedicionária. Na península itálica, como comandante de uma Companhia de Fuzileiros do 11º Regimento de Infantaria, marcou irrestritos louvores pelas serenidade e energia com que avançava sob os bombardeios do inimigo. Esteve em Castelnuovo e, no sangrento combate de Montese, destacando-se, sempre, pelo sangue frio com que enfrentou o intenso fogo partido das posições nazistas. As altas condecorações nacionais e estrangeiras, que lhe ornamentam o peito do soldado brioso, entre as quais destaca-se a Cruz de Combate de 1ª Classe, concedida por ato de bravura individual, traduzem o reconhecimento de seus chefes, a suas excelsas virtudes militares” … “Exerceu importantes comandos como o Comando Militar da Amazônia, Batalhão Suez, 4º Batalhão de Caçadores, Batalhão da Guarda Presidencial, Polícia Militar do Estado da Guanabara. E como General comandou a Infantaria Divisionária da 5ª Região Militar, a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, a 8ª Região Militar e o Comando Militar do Planalto e 11ª Região Militar. Todas as comissões, exerceu com oportunas realizações com equilíbrio, competência, inteligência e bom senso” … “Serviu ao Exército com extrema dedicação e amor, na paz e na guerra” … “Deixou respeito e admiração no seio de seus antigos companheiros de Arma”.
Em reconhecimento à condição de exímio atirador, como comprovam os diversos troféus e medalhas conquistadas ao longo da carreira, de tenente a general, no Brasil e no exterior, o estande de tiro de Brasília recebeu a denominação “Estande de Tiro Darcy Lázaro” em sua homenagem.
Faleceu em 31 de maio de 1997, em Brasília-DF.

MEDALHAS E CONDECORAÇÕES
Medalha Cruz de Combate de 1ª Classe (FEB); Medalha de Campanha (FEB); Medalha de Guerra (FEB); Bronze Star (EUA); Cruz de Guerra com Palma (França); Ordem do Exército (França); Ordem do Império Britânico (Inglaterra); Ordem do Mérito Juan Pablo Duarte (República Dominicana); Medalha Marechal Mascarenhas de Moraes (ANVFEB); Medalha da Vitória (ANVFEB); Medalha Militar de Ouro com passador de platina (Tempo de Serviço – 40 anos); Medalha do Pacificador; Ordem do Mérito Militar; Ordem do Mérito Naval; Ordem do Mérito Aeronáutico; Medalha do Mérito Tamandaré; Ordem de Rio Brando; e Medalha do Centenário do Rio Branco.

FONTES
Registro Histórico do Pessoal do Militar; e “Segunda Guerra Mundial e seus reflexos no Brasil”, de Carlos Fernando Freitas de Almeida – Brasília, DF : Thesauros, 2011.

CRÉDITOS
Museu Virtual da FEB / Fröhlich, S.F.