Francisco Mega
12389 – FRANCISCO MEGA
FILIAÇÃO
José Mega e Angelina Garofalo Mega
ANTES DA GUERRA
Nasceu no Rio de Janeiro, em 18 de fevereiro de 1923.
Em 1944, concluiu o curso de Infantaria na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, alcançando a 5ª colocação em uma turma de 70 concludentes (retificação publicada no Boletim do Exército nº 18, de 6 Maio 1950).
Em 7 Nov 1944, apresentou-se no Depósito de Pessoal da FEB, tendo sido classificado no 1º escalão desse Depósito.
Em 23 Nov 1944, a bordo do navio de transporte de tropas norte-americano General Meigs, partiu para a Itália.
DURANTE A GUERRA
Em 7 Dez 1944, chegou ao Porto de Nápoles. Concluído o transbordo, por via marítima, deslocou-se para Livorno, onde chegou às no 10h do dia 9. Por via terrestre, seguiu para San Rossore (Standing Area nº 3), na região de Pisa, onde acampou.
Em 14 deslocou-se de San Rossore para a região de Staffoli, onde estava localizado o acampamento do Depósito de Pessoal da FEB.
Em 28 de dezembro, foi designado instrutor de carabina e fuzil automático.
Em 20 de fevereiro, foi excluído do efetivo de substituição do Depósito de Pessoal para ser incluído no estado efetivo do 1º Regimento de Infantaria (RI) e respectivo estado-maior como oficial de ligação.
Teve participação ativa na tomada do Monte Castelo. Em 23 Fev 1945, assumiu o comando de um pelotão da 4ª Companhia do 1º RI.
Por decreto presidencial de 2 Mar 1945, publicado no Diário Oficial da União de 5 Mar 1945, foi promovido ao posto de segundo-tenente (transcrito do Boletim do Exército nº 10, de 19 Mar 1945).
De 8 a 10 de março, participou de operação executada na frente do subsetor em construção de redes de arame e campos de minas antipessoal e antitanque. Continuou atividades de patrulhas por parte do batalhão, tendo sido o mesmo fortemente bombardeado. Intensos bombardeios sobre o inimigo por artilharia aliada, tanques e morteiros.
No dia 11 de março, com o batalhão, passou a constituir o subsetor Oeste, subordinado diretamente à 1ª DIE, por ter sido dissolvido o grupamento oeste. Atividades de patrulha do batalhão, feito forte bombardeio sobre a Capela Il Monte, tendo sido soterrados, levantaram a bandeira branca e foram feitos 16 prisioneiros.
De 12 a 19 março, houve forte atividade de patrulhas do batalhão, havendo vários feridos; no dia 20, o batalhão foi substituído por elementos do 6º RI, deslocando-se para Vidiciático, onde acantonou como a reserva da 1ª DIE.
Em 8 de abril, passou à disposição da 1ª DIE, entrando em linha na região de Tamborini Sassomolare, onde substituiu elementos americanos.
Em 14 Abr 1944, faleceu em ação em Montese, Itália. Foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro de Pistoia, quadra B, fileira número 11, sepultura 125.
Referências elogiosas publicadas
– Em 26 Fev 1945, foi elogiado pelo coronel Aguinaldo Caiado de Castro, comandante do 1º RI, nos seguintes termos: “Tomou parte no ataque vitorioso ao Monte Castelo, conquistando para o Regimento Sampaio e para o Brasil novos troféus de vitória, merecendo, por suas qualidades combativas e pela bravura dos seus feitos, a admiração e os calorosos elogios deste comando”.
– Em 22 Mar 1945, foi aprovado o elogio do capitão Marcos Souza Vargas, comandante da 4ª Companhia, nos seguintes termos: “Aspirante a oficial que, com o seu pelotão em patrulha sobre Il Serreto, conduziu com acerto, calma e sangue frio, não se deixando surpreender pelo inimigo e reagindo com denodo e decisão, quando e onde ele se manifestou, conseguindo dominá-lo completamente, fazendo sete prisioneiros e capturando material de guerra. Confirmou sua atuação segura e elogiável das operações anteriores”.
– Em 22 Mar 1945, foi aprovado o elogio do capitão Marcos de Souza Vargas, comandante da 4ª Companhia, nos seguintes termos: “Aspirante a oficial incluído nessa subunidade no dia 23[de fevereiro], recebeu a sua primeira missão no mesmo dia, que consistiu em ocupar e manter a todo custo a posições na frente de La Serra. Com seu pelotão, grandemente desfalcado, cumpriu à risca a missão que lhe foi dada, malgrado os intensos e constantes bombardeios a que foi submetido. Desde o deslocamento para a posição, foi o seu pelotão hostilizado por fogos alemães, os quais não conseguiram evitar que o aspirante Mega conduzisse os seus homens até o local que lhe foi determinado e lá mantivesse até que fosse substituído. Deu, assim, provas bastante do espírito de decisão que possui, coragem e sangue frio”.
– Em 16 de abril, comandante do 1º RI, fez a seguinte referência: Tomou parte na conquista da manutenção da Cota 958, La Serra, apesar do intenso bombardeio, forte resistência e vários contra-ataques inimigos, facilitando o avanço das tropas norte-americanas no flanco esquerdo, garantindo para as mesmas nova base de partida e realizando operações de conjunto”.
– Em 18 de abril, foi aprovado o elogio do comandante da 4ª Companhia, nos seguintes termos: Aspirante oficial, comandante do 1º Pelotão, pelo integral desempenho nas missões que lhe foram confiadas, quando em posição defensiva na frente de Belvedere. Além de manter a tropa de seu respectivo comando sempre vigilante, de maneira a evitar qualquer possibilidade de infiltração inimiga, orientou e comandou diversas patrulhas, as quais nunca regressaram sem que a missão fosse rigorosamente cumprida”
– Em 4 Jun 1945, foi aprovado o elogio feito pelo comandante da 4ª Companhia, nos seguintes termos: “Aspirante a oficial Francisco Mega, morto em ação na frente de Montese, no dia 14 do mês passado, vindo desenrolar da ação ali desencadeada por nossas tropas, pela coragem, desprendimento em face ao perigo, espírito combativo e perfeita noção do cumprimento do dever revelados. O aspirante Mega terminou o curso da Escola Militar, com a última turma formada por aquele estabelecimento, obtendo ótima colocação intelectual, tendo se apresentado voluntariamente para integrar a nossa Força Expedicionária, aportou a Itália com o respectivo Depósito. Classificado nesse RI, Batalhão e Subunidade, assumiu o comando do 2º pelotão, ainda quando estacionado em Guanela, no dia antes de empregado, na frente de La Serra – Bela Vista. Ali teve o seu batismo de fogo. Portou-se, então, confirmando o conceito de que gozava e que procedeu com denodo, segurança e vontade firme de enfrentar e se bater com o inimigo, que sabia astuto e tenaz. Posteriormente, nas diversas patrulhas por ele comandadas, granjeou, pelo seu entusiasmo e valor, totalmente, a admiração dos seus chefes e subordinados. Na última ação que tomou parte, portou-se como um bravo. Ferido mortalmente, nem um só momento deu mostras de fraqueza e revolta, muito embora sentisse a sua vida jovem se extinguir. Católico fervoroso, elevou o seu pensamento a Deus e, juntamente com o soldado que que assistiu aos os seus últimos momentos, rezou. Como soldado valente, dispôs de energia, falou aos seus homens incitando-os a prosseguir no cumprimento do dever, atacando sem tréguas o inimigo, até a derrota total. Depois, retirando um anel que continha o retrato da senhora sua mãe já falecida, pediu para que o entregasse a sua família. E tranquilo, como só se podem sentir em ocasiões tais os que têm a consciência do dever cumprido, expirou. Assim morrem os nossos bravos, após tudo haverem dado em desafronta à Pátria querida.
No decreto que lhe concedeu Cruz de Combate de 1ª Classe, lê-se: “Terminou o curso na da Escola Militar, na última turma, e incorporou-se ao 1º Regimento de Infantaria na véspera do ataque ao Monte Castelo, em que tomou parte. Comandava um pelotão de 1º Esc., no ataque de Montese. Apesar da forte resistência do inimigo que procurava deter o nosso avanço com tiros ajustados de metralhadora e forte bombardeio, impulsionou infatigavelmente o seu Pelotão, cujos homens eram empolgados pelo seu exemplo de bravura e sangue frio. Ferido mortalmente, à testa dos seus homens, em pleno ataque, nem um só momento deu provas de fraqueza. Assistido por um dos seus soldados, com admirável serenidade, sentindo que ia morrer, fez uma prece. Depois de ter confiado a este seu camarada uma lembrança para a sua genitora, continuou falando aos seus homens incitando-os a prosseguir no cumprimento do dever. Calmo e conformado, compenetrado de suas responsabilidades de chefe a quem cabia estimular os seus subordinados naquele momento crítico, pronunciando palavras de entusiasmo e confiança na vitória, exalou o último suspiro”.
APÓS A GUERRA
Pelos seus atributos militares, foi escolhido patrono da turma de oficiais formados na Academia Militar das Agulhas Negras em 15 Fev 1955, denominada “Turma Aspirante Mega”.
Nos anos 80, no Rio de Janeiro, foi criado o Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) Aspirante Francisco Mega, que oferece educação regular de Ensino Médio e para jovens e adultos, em três turnos.
Em 2012, foi criado o “Grupamento Histórico Aspirante Francisco Mega”. Sediado em Recife, o grupamento é composto por ex-integrantes do 4° Batalhão de Polícia de Exército e faz parte da Associação Nacional do Veteranos da Força Expedicionária Brasileira de Pernambuco. Com autorização do Comando Militar do Nordeste, representa os pracinhas em solenidades, trajando uniformes históricos da FEB.
Em sua memória, vários logradouros públicos Brasil afora ostentam a denominação Aspirante Mega, Aspirante Francisco Mega ou Tenente Francisco Mega.
Desde a década de 1970, a Academia Militar das Agulhas Negras, realiza a “Prova Aspirante Mega”, precursora do exercício de desenvolvimento da liderança aplicada aos futuros oficiais. Durante a prova, os cadetes do 3º ano do Curso de Infantaria são organizados em patrulhas e submetidos a uma simulação de combate com esforços físicos intensos e prolongados, por sessenta horas ininterruptas, com o propósito de desenvolver atitudes como abnegação, rusticidade, autoconfiança, combatividade, decisão, iniciativa, adaptabilidade e cooperação, usando como referência os feitos de bravura e heroísmo de Francisco Mega na Segunda Guerra Mundial que, ao tombar em combate em Montese, mortalmente ferido, estimulou o seu pelotão a continuar o ataque, proferindo as seguintes palavras: “A minha vida nada vale. A minha morte nada significa diante do que vocês ainda têm para fazer. Prossigam na luta!”.
MEDALHAS E CONDECORAÇÕES
- Medalha Cruz de Combate de 1ª Classe
- Medalha de Campanha
- Medalha Sangue do Brasil
- Membro Honorário do IV Corpo de Exército (EUA)
FONTES
Histórico do Pessoal Militar (Folhas de Alterações), cedido pelo Arquivo Histórico do Exército e pelo Regimento Sampaio; Boletins do Exército (acervo da Secretaria-Geral do Exército); Boletim Especial do Exército de 2 de dezembro de 1946 – “Os mortos da FEB” (acervo da ANVFEB-DF); e Revista Agulhas Negras, Ed. 2025.
CRÉDITOS
Museu Virtual da FEB / Fröhlich, Sirio S.
