Ignacio Loyola de Freitas Virgolino
24954 – IGNACIO LOYOLA DE FREITAS VIRGOLINO
FILIAÇÃO
Romualdo da Mota Virgolino e de Etelvina de Freitas Virgolino.
ANTES DA GUERRA
Nascido no Pará, em 26 de Outubro de 1919.
Em 25 Mar 1943, foi promovido à graduação de cabo do 1º Regimento de Infantaria (1º RI).
Em 18 Jun 1943, foi promovido à graduação de 3º sargento.
Em 20 Set 1944, embarcou no navio de transporte de pessoal General Mann, integrando o 1º RI. O navio desatracou em 22 Set 1944.
DURANTE A GUERRA
Em 6 Out 1944, chegou ao Porto de Nápoles. Após o desembarque, seguiu para o acampamento de Bagnoli.
Em 9 Out 1944 partiu de Nápoles a bordo de lanchas da Marinha de Guerra dos EUA com destino a Livorno, de onde seguiu para Civitavecchia, chegando ao acampamento em 12 de outubro.
De 26 a 29 de outubro estagiou na Linha de Frente da 1ª DIE, junto ao 6º RI.
Em 13 Nov 25, seguiu para Filettole e, em 19 de novembro, para a região de Porreta Terme.
Na noite de 21 para 22 de novembro tomou posição no Setor N da linha de frente – Torre de Nerone.
Em 12 Dez 1944, tomou parte do ataque ao Monte Castelo.
Em 30 Dez 1945, foi evacuado para a enfermaria por ter sido ferido em ação. Teve alta hospitalar em 8 Jan 1945.
Em 24 Jan 1945, desapareceu em ação durante patrulha de reconhecimento ao ponto cotado 720, em Precaria, sendo excluído do estado-efetivo do 1º RI, conforme publicado no boletim do dia 26.
Em 29 Jan 1945, foi publicada a seguinte referência elogiosa individual, consignada pelo major Syzeno Sarmento, comandante do 2º Batalhão do 1º RI: “pela coragem e sangue frio com que comandou o seu grupo, cuja missão era reconhecer e ocupar em pleno dia a Cota 720 caso estivesse abandonada. Apesar de consciente do perigo que correria, apresentou-se voluntariamente para cumprir a missão e próximo ao seu objetivo procurou resolutamente abordar um objetivo suspeito, tombando gravemente ferido por granada de mão e rajadas de metralhadora. Mostrou-se possuidor de grande bravura e seu exemplo deve se constituir estímulo e padrão de conduta para as praças do batalhão”.
** Em março de 1945, ao chegarem a Castelnuovo, as tropas brasileiras encontraram uma sepultura sobre a qual havia uma rústica cruz de madeira com a inscrição “3 Tapfere [3 Bravos] – Brasil – 24/I/1945”. Após a exumação, comprovou-se tratar do cabo José Graciliano Carneiro da Silva e dos soldados Aristides José da Silva e Clóvis da Cunha Paes de Castro, integrantes da fatídica patrulha. Contudo, o sargento continuava desaparecido. **
Em 27 Maio 1945, o sargento Virgolino foi reincluído no estado efetivo do 1º RI, a contar de 24 Jan 1945, por ter sido encontrado em hospital aliado, em Bolonha, após a troca de prisioneiros de guerra por término dos combates em território europeu.
Em 11 Jun 1945 foi condecorado com o título de Membro Honorário do IV Corpo de Exército Americano.
Em 15 Jun 1945 foi evacuado para o Hospital Central do Exército (HCE), no Brasil.
** Após ser resgatado de uma enfermaria alemã, já em enfermaria aliada, escreveu uma carta para a enfermeira Virgínia Maria de Niemeyer Portocarrero, em que constam detalhes históricos de suma importância sobre o papel que desempenharam as enfermeiras na guerra que transpõem .
“Pistoia – Itália. Enfermaria 3 de Cirurgia
Tenente, de quando em vez me vem na cabeça o tempo em que eu fui prisioneiro dos alemães.
A senhora fez bem em dar igual tratamento a esses homens que são na guerra os nossos inimigos. Esse artigo que saiu hoje no jornal do hospital, tirando a ração de cigarros dos brasileiros me fez pensar profundamente, e quando vejo a senhora distribuir a sua ração porque a senhora não fuma e por isso mesmo perdê-la, é uma coisa muito bonita.
Quando a senhora colocou aquela caixa de papelão lá no fundo da enfermaria e escreveu ‘Caixa da Enfermaria’ e alto falou conosco, lendo a notícia publicada, como calou fundo no meu íntimo.
A senhora disse: Vocês não deem os seus cigarros para os alemães, pois a notícia anuncia que o brasileiro que isto fizer vai perder o seu direito de racionamento do cigarro. Eu não fumo; então coloquem os cigarros que vocês quiserem dar aos alemães nela porque eu assumo. Que bonito ver este gesto de coragem partir de uma mocinha tão nova e tão firme. A senhora é enfermeira de verdade; está escrito no seu coração a profissão que a senhora nasceu. Foi Deus que lhe fez enfermeira.
Eu fui prisioneiro dos alemães e estive também hospitalizado; as enfermeiras alemãs me trataram muito bem e os médicos também. É verdade que não havia no hospital tanto recurso como neste aqui. Porém, calor humano e tratamento eu tive.
Tenente, quando a comida era pouca eu me lembro, só havia batata para comermos, pois, todos sem diferença de raça, recebiam uma batata. Eu aprendi a apreciar a maneira dos alemães. A senhora continue dando este tratamento igual em sua enfermaria.
Eu, como brasileiro, me orgulho da senhora, anjo de caridade do meu Brasil.
Eu apreciei o tratamento que recebi dos alemães e me orgulho da maneira piedosa e eficiente que a senhora nos trata; e obrigado por ter vindo para a guerra, cumprindo a sua missão com tanta eficiência e dando a nós brasileiros a garantia de estarmos sendo atendidos com toda competência e não distinguindo ninguém, tratando a todos com todo o cuidado que, embora eu ainda estando muito machucado, mutilado até, eu me sinto seguro tendo a senhora como enfermeira.
Obrigado Tenente Virgínia, desculpe a letra; estou escrevendo há dias esta carta com a mão esquerda, pois a direita está gessada. Estou então muito bem atendido, que escrevo com sacrifício…, agradecimento.
Deus abençoe suas mãos e sua maneira de ser. A bênção tenente Virgínia. Deus a guarde, a guarde e conserve a sua bondade”.
APÓS A GUERRA
Em 11 Out 1945, foi publicado ter sido julgado incapaz definitivamente para o serviço do Exército, sem poder prover os meios de subsistência. Em consequência, teve alta teve alta hospitalar do HCE e foi excluído do serviço ativo do Exército. Permaneceu adido ao Regimento Sampaio até o final do trâmite processual.
Faleceu em 6 Mar 1966, em Belém, PA.
MEDALHAS E CONDECORAÇÕES
Diploma de Membro Honorário do IV Corpo de Exército (EUA)
Medalha Cruz de Combate de 1ª Classe
Medalha Cruz de Combate de 2ª Classe
Medalha de Guerra
Medalha Sangue do Brasil
FONTES
Histórico Pessoal Militar (cedido pelo Regimento Sampaio) e informações de familiares.
CRÉDITOS
Museu Virtual da FEB / Fröhlich, Sirio S.