Olympio Falconière da Cunha

5973 – OLYMPIO FALCONIÈRE DA CUNHA

FILIAÇÃO
Olympio Aniceto da Cunha e Leopoldina Gomes da Cunha.

ANTES DA GUERRA
Em 9 Mar 1912, apresentou-se no 52º Batalhão de Caçadores (BC), no Rio de Janeiro, sendo incorporado como soldado; em 15 de março do mesmo ano, ingressou na Escola de Guerra.
Em 2 Jan 1915, foi declarado aspirante a oficial. Participou de operações na Revolta do Contestado de 24 Mar a 27 Abr 1915.
Em 17 Out 1916, foi promovido a 2º tenente. Aperfeiçoou-se em Engenharia na Escola Militar, em 1918.
Em 9 Jun 1921, foi promovido a 1º tenente Nesse posto, participou da Revolta de 5 Jul 1922, marco inaugural do ciclo de revoltas tenentistas da década de 1920. Consequentemente, de julho a setembro ficou preso na fortaleza de São João. Implicado em atritos que fizeram eclodir insurreições militares em diversos estados em 1924, foi excluído do Exército em 12 de novembro do mesmo ano; decidiu exilar-se no Paraguai, onde permaneceu por cerca de dois anos. Anistiado pelo Decreto no 19.395, de 8 Nov 1930, foi reintegrado ao Exército e passou a chefiar a 2ª Seção de Infantaria Geral da Força Pública de São Paulo.
Em 15 Nov 1930, foi promovido a Capitão e deixou a função anterior para assumir o comando do Batalhão Escola da Força Pública de São Paulo. Designado para servir no Ceará por decreto presidencial, ocupou dois cargos: Comandante da Força Pública (outubro de 1931 a maio de 1932), e Comandante Geral do Corpo de Segurança Pública (maio a agosto de 1932).
Em 10 Fev 1933, foi promovido a major. Retornou a São Paulo e, em maio, foi nomeado Chefe de Polícia do Estado. Em meados de julho foi afastado, sumariamente da chefia, em face de ter detido, por conta própria, o dirigente da chapa única por São Paulo Unido; em 27 de julho foi nomeado novamente para o mesmo cargo, ocupando-o até 19 de agosto do mesmo ano. Entre março e dezembro de 1934, fez o curso da Escola de Infantaria. Entre maio de 1935 e dezembro de 1936, realizou o curso de Estado-Maior.
Em 11 Set 1937, foi promovido a tenente-coronel. Comandou o 18º BC, sediado em Campo Grande, no então estado de Mato Grosso, de 8 Nov 1937 a 27 Dez 1938, quando foi designado para o Estado-Maior do Exército.
Em 24 Maio 1940, foi promovido a coronel. Entre 7 Ago 1940 e 2 Fev 1942, comandou o 7º Regimento de Infantaria (RI), de Santa Maria, RS; de 16 Mar 1942 a 20 Maio 1943, comandou o 10º RI, de Belo Horizonte, MG.
Em 29 Jun 1943, foi promovido a general de brigada. Entre 25 Set 1943 e 21 Set 1944, comandou a Infantaria Divisionária da 4ª Região Militar, com sede em Juiz de Fora, MG.
Em 19 Set 1944, partiu para a Itália no comando do “Grupamento General Falconière” (2º escalão da FEB), a bordo do navio General Meigs.

DURANTE A GUERRA
Em 6 Out 1944, chegou a Nápoles, Itália. Permaneceu embarcado até o dia 8, quando iniciou o transbordo para os barcos LCI. Em 9, às 6 horas da manhã, partiu de Nápoles com destino a Livorno, onde chegou em 11 de outubro. Após o desembarque, seguiu para a área de estacionamento na vila de San Rossore, em Pisa, sendo incorporado ao V Exército.
Em 24 Out 1944, assumiu as funções de inspetor geral da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e comandante dos órgãos não divisionários do 1º escalão da FEB.
As referências elogiosas individuais consignadas pelo Gen. Mascarenhas de Moraes bem dimensionam a sua importância:
Em 8 Mar 1945: “A minha duplicação de comando do primeiro escalão da FEB e da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, exigiu a criação de um Órgão, a Inspetoria Geral, que exercesse a fiscalização e o controle de toda a nossa retaguarda. Um dos sérios problemas das tropas em operações, pela variedade de atribuições, pelos entendimentos que exige, pelo conforto e facilidade que trazem as proximidades dos grandes centros. Atribuindo ao General Olympio Falconière da Cunha, a função de Inspetor Geral e Subcomandante da FEB, confiava nas suas reconhecidas qualidades de bom senso, equilíbrio e energia para o exercício desse dedicado e espinhoso cargo. E agora vejo o quanto fui feliz na minha escolha, pois na sua autoridade de chefe zeloso está a guarda dos interesses dos nossos elementos recuados. Aciona com habilidade e critério todos os escalões, exigindo disciplina, assistência e interesse. Com a chegada do último contingente, teve a oportunidade de prestar um magnífico serviço, tomando todas as providências para a recepção, transporte, instalação e recebimento de material, fazendo as devidas ligações com as autoridades americanas e afastando as dificuldades que surgiam. Seus conhecimentos profissionais e orientação segura são uma garantia de eficiência do problema em substituição do pessoal. Tendo o General Falconière, um auxiliar leal, sincero e valioso, cujos méritos reconheço e destaco, é com maior satisfação que lhe faço as presentes referências e agradeço a colaboração valiosa que presta ao comando desta fase da nossa atuação no vale do rio Reno e que permite levarmos a bom termo a honrosa missão que nos está confiada no teatro de guerra europeu”.
Em 28 Maio 1945: “Encerrada a campanha no teatro de operações da Itália, com absoluto sucesso das nossas armas, desejo registrar o, eu faço com satisfação, a série de excelentes serviços prestados ao primeiro escalão da FEB e da primeira D.I.E., pelo General Olympio Falconière da Cunha, comandante dos Órgãos Anexos não Divisionários do Primeiro Escalão da FEB. Todos os problemas de retaguarda foram resolvidos com a criação desse Órgão, e a entrega do comando ao General Falconière constituiu uma garantia para a sua organização, instalação e funcionamento, como atesta hoje a perfeita sincronização que existe entre os seus diversos elementos com as autoridades americanas, a que está ligado e com o comando superior. A disciplina, o acatamento e o respeito às ordens superiores, a dedicação e interesse pelo serviço que se nota em todos os seus escalões, representam um espelho da personalidade austera, enérgica e sensata do chefe que possuem. A evacuação dos nossos feridos e doentes para o Brasil e para os Estados Unidos, ligados a uma série de detalhes, como o uniforme, a bagagem, os vencimentos, os meios e facilidades para o transporte, as permanentes chegadas e saídas de oficiais que vinham e que saíam do Teatro de Operações da Itália, a recepção, a distribuição do material, o acatamento e a instrução dos elementos constitutivos do Depósito de Pessoal, a assistência contínua, desvelada e confortadora aos nossos baixados aos hospitais, a entrega rápida da correspondência, os entendimentos com autoridades estrangeiras, enfim, todos esses problemas encontraram soluções inteligentes, adequadas e eficientes por parte do General Falconière. As sucessivas vitórias que alcançamos tiveram do General Falconière uma colaboração ampla e oportuna. Pela maneira correta com que foi feito o recomplemento do pessoal, principalmente na fase movimentada da Ofensiva da Primavera, permitindo assim ao comando empregar os seus meios com toda a plenitude de suas próprias possibilidades físicas, perseguir o inimigo tenaz e fortemente, impor-lhe uma derrota total, com a rendição incondicional da famosa 148ª Divisão Alemã e dos remanescentes da Divisão Bersaglieri “Itália” e da 90ª Divisão Panzer Granadier. Nas jornadas de 28 e 29 de abril, prestou feliz assistência ao comando nos entendimentos com os parlamentares e na missão que lhe foi atribuída de acompanhar preso ao V Exército, o tenente-general Otto Fretter-Pico, comandante da 148 Divisão Alemã. Nos últimos dias da nossa campanha, exerceu ainda importante ação de comando com a organização do Destacamento no 6, que ocupou Tortona, Voghera e Castelnuovo, com a missão de barrar qualquer progressão do inimigo que, do Sul, pretendia alcançar o Pó, acionando as suas unidades com presteza e critério, e pondo em prova, mais uma vez, os seus reconhecidos e admirados dotes profissionais. Transmitindo ao General Falconière os meus efusivos louvores e agradecimentos pela sua desinteressada e valiosa cooperação, faço sinceros votos pela continuação e desenvolvimento de sua brilhante carreira militar”.
Em 17 Nov 1945: “Olímpio Falconière da Cunha, General de Brigada do Exército Brasileiro, por atos meritórios relacionados com operações militares na Itália, desde 6 de outubro de 1944 até 3 de maio de 1945. Como general, comandante de todos os órgãos não divisionários da Força Expedicionária Brasileira, no Teatro do Mediterrâneo, a cooperação do General Falconière com os órgãos correspondentes do teatro contribuiu material e substancialmente para o funcionamento eficaz de todos os serviços de retaguarda, como Serviço de Correios, Banco do Brasil, Depósito de Suprimentos Brasileiros e o Sistema de Evacuação Brasileiro. Demonstrou excepcionais qualidades, melhorando grandemente a instrução do pessoal de recomplemento antes da entrada em combate. Seus esforços pessoais e sua atitude de entusiasmo e cooperação com as forças com as forças dos Estados Unidos resultaram numa contribuição real para a preparação da Força Expedicionária Brasileira na sua missão de guerra na Itália e na parte que ela desempenhou na vitória aliada do teatro do Mediterrâneo”.

APÓS A GUERRA
Chegou da Itália em 23 Out 1945, ficando adido ao QG do Exército.
Entre 30 Out 1945 e 12 Jan 1946, comandou a Infantaria Divisionária da 1ª Divisão de Infantaria.
De 26 Dez 1945 a 25 Jan 1946, comandou a 1ª Região Militar e 1ª Divisão de Infantaria.
Entre 9 Fev e 10 Jun 1946, comandou a Infantaria Divisionária da 4ª Região Militar. Em 20 Jun 1946, assumiu o subcomando da 4ª Divisão de Infantaria.
Em 23 Set 1948, foi promovido a general de divisão. De 1º Jul a 29 Dez 1948, foi Diretor de Ensino do Exército. Entre 25 Jan 1949 e 2 Set 1952, comandou a 3ª Região Militar, com sede em Porto Alegre, RS.
De 22 Out 1952 a 30 Ago 1954, foi diretor geral de Serviço Militar do Exército; em assumiu o comando interino da Zona Militar Centro (ZMC).
Em 22 Mar de 1955, foi promovido a general de exército, sendo efetivado no comando da ZMC, função que ocupou até 31 Ago 1956, quando essa foi extinta para a criação do II Exército. No desempenho dessa função, em dezembro de 1955, foi designado membro da comissão de repatriação dos despojos dos expedicionários mortos na Itália, do cemitério de Pistoia para o Rio de Janeiro. Permaneceu no comando do II Exército até 31 Out 1956.
Entre 12 Dez 1956 e 12 Jun 1961, exerceu a função de ministro do Superior Tribunal Militar.
Faleceu em 11 Ago 1967, no Rio de Janeiro.
Em 27 Set 2006, a Associação Nacional dos Veteranos da FEB – Seção Regional de Florianópolis instituiu a Medalha Marechal Falconière “em homenagem à memória dos combatentes brasileiros que lutaram contra o totalitarismo em prol da causa da humanidade e pela paz”.
Em 13 Jun 2007, por meio da Portaria n° 370 do Comandante do Exército, foi concedida a denominação histórica “Departamento Marechal Falconieri” ao Departamento Logístico (atual Comando Logístico), com sede em Brasília, DF, e aprovado o respectivo estandarte histórico.

OBSERVAÇÕES
Em vários pontos de seu histórico pessoal militar consta a grafia OLYMPIO FALCONIERI DA CUNHA.

MEDALHAS E CONDECORAÇÕES

  • Cruz de Guerra com Palma (França).

  • Diploma de Membro Honorário do IV Corpo de Exército (EUA).

  • Grande Oficial da Ordem da Coroa da Itália (Itália).

  • Grande Oficial da Ordem de São Gregório Magno (Vaticano).

  • Grande Oficial da Ordem do Mérito Aeronáutico.

  • Grande Oficial da Ordem do Mérito Militar.

  • Grande Oficial da Ordem do Mérito Naval.

  • Medalha Comemorativa do Centenário de Nascimento do Barão do Rio Branco.

  • Medalha de “Alta Distinção” da Ordem do Mérito Jurídico Militar.

  • Medalha de Campanha.

  • Medalha de Guerra.

  • Medalha de Ouro da Cruz Vermelha Italiana.

  • Medalha do Pacificador.

  • Medalha Estrela de Bronze – Bronze Star (EUA).

  • Medalha Maria Quitéria.

  • Medalha Mérito Santos Dumont.

  • Medalha Militar de Ouro (Tempo de Serviço).

  • Medalha Thaumaturgo de Azevedo.

  • Ordem Nacional da Legião de Honra (França).

FONTES

CRÉDITOS
Museu Virtual da FEB / Fröhlich, S.F.