Waldyr Magalhães Pires

16726 – WALDYR MAGALHÃES PIRES

FILIAÇÃO
Tranquillino da Silva Pires e Maria Magalhães Pires.

ANTES DA GUERRA
Nascido em Barra da Estiva, BA em 27 Jun 1918.
Cresceu em Triunfo do Sincorá e em Sincorá (BA), localidades onde cursou o primário.
Após ingressar no Exército, fez os cursos de cabo e sargento. Posteriormente, concluiu o curso de Educação Física.
Foi aprovado em concurso vestibular para a Escola Preparatória de Cadetes, em Porto Alegre, RS. Em 1941, ingressou no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre. Em 10 set 1942, foi promovido de aspirante a oficial da arma de Infantaria.
Promovido a segundo-tenente em 10 Nov 1942, serviu na vigilância do litoral brasileiro como integrante do 3º Batalhão de Caçadores, de Piratininga, ES. Comandou um destacamento em Guarapari, ES, organizando uma rede de informações que abrangia a costa capixaba e parte de Rio de Janeiro.
Em 1943, foi transferido para o 1º Regimento de Infantaria, localizado na Vila Militar, no Rio de Janeiro, DF.
Em 17 Jan 1944, casou com a senhorita Consuelo Sampaio de Magalhães.
Embarcou em 23 Nov, para a Itália com o Depósito de Pessoal da FEB do Rio de Janeiro para a cidade de Nápoles, a bordo do navio U.S.S. General Meigs.

DURANTE A GUERRA
Em dezembro 1944, deslocou-se com o seu batalhão para Silla, região de Porreta Terme, como reserva do IV Corpo, no ataque a Monte Castelo. Na sequência, deslocou-se para a região de Gaggio Montaro sob as ordens do II Corpo Blindado, para ação ofensiva sobre a linha Gorgolesco-Cota 1928-Mazzancana. Depois, deslocou-se para a região de Casa de Guanela, a fim de ocupar a base de partida para o ataque a Monte Castelo. Foram fortemente contra-atacados, mantendo a posição. Posteriormente, deslocou-se para a região de Lustrola-Silla, ficando em condições de ser empregado a qualquer momento. O Btl. recebeu a missão de substituir o Esquadrão de Reconhecimento na região de Docce, permanecendo na defensiva, mantendo o quarteirão Giardino-Colina-Columbareta-Morro Dell’Oro-Bombiana.
Entre meados de dezembro de 1944 e meados de fevereiro de 1945, o seu regimento permaneceu na defensiva-agressiva, realizando patrulhas de segurança e reconhecimento na linha ocupada pelo inimigo, ao norte do Rio Arno. Durante este tempo, o seu batalhão sofreu bombardeios diários da artilharia e morteiros inimigos.
A partir de fevereiro, acampou nas cercanias de Gaggio Montaro, preparando-se para o ataque ao Monte Castelo, deslocando-se para a base de partida para o ataque no dia 20. Durante a noite, o batalhão ajustou seus fogos, organizou o terreno, lançou minas e patrulhou as estradas, aguardando ordem de partida para o ataque na manhã seguinte.
Foi promovido a 1° Tenente em 15 Fev 1945.
Em 21 Fev 1945, participou da ação contra o Monte Castelo, atacando pelo flanco W e desbordando a posição. Ao cair da tarde, após uma jornada de cruente luta, venceram a resistência alemã na posição altamente fortificada, conquistado o Monte Castelo e a mantendo a posição conquistada.
Em 26 de fevereiro, saiu da linha com o batalhão, indo acantonar em Porreta Terme e Crociale. Posteriormente, seguiu na direção do Monte Belvedere até Rocca Corneta. Nesse dia, foi elogiado em Boletim Especial pelo Cel. Aguinaldo Caiado de Castro, Cmt do Regimento Sampaio, nos seguintes termos: “Tomou parte no ataque vitorioso no Monte Castelo, conquistando para o Regimento Sampaio e para o Brasil, novos troféus de vitória, merecendo para essas qualidades combativas e pela bravura de seus feitos, a admiração e os calorosos elogios deste Comando”.
De 1º a 19 de março, passou a fazer parte do Grupamento Oeste, sob o comando do Gen. Zenóbio. Nesse período, houve forte atividade de patrulhas. Apesar da forte resistência adversária, foram destruídas casamatas, tomadas metralhadoras, construídas redes de arame e campos minados antitanque e antipessoal e capturados 30 prisioneiros. No dia 20, a Cia foi substituída e acantonou em Querciola.
Em 7 de marco, foi aprovado pelo Cel. Agnaldo Caiado de Castro, comandante do 1º RI, o elogio consignado pelo Major Olivio Godim de Uzeda, comandante da 2ª Companhia de Fuzileiros, nos seguintes termos: “2º Ten. WALDYR MAGALHÃES PIRES, como Cmt. de pelotão de fuzileiros, bem soube conduzir sua fração, impulsionando seus homens, em fases difíceis do ataque, por terreno dobrado e batido pelo inimigo, atingindo em boas condições os objetivos que lhes foram designados. Muitas vezes teve que agir iniciativas, digo, com iniciativa e presteza em transes que a menor vacilação seria fatal a seus homens, ora desbordando, ora atacando resistências que se lhe antepunha a progressão; mostrou esse jovem oficial qualidades indispensáveis ao tenente fuzileiro. Foi no ataque a Castelo um belo exemplo de bravura e espírito de sacrifício”.
Em 2 de abril, foi elogiado pelo comandante do 1º RI, nos seguintes termos: “Tomou parte na defesa do sub-setor Belvedere, garantindo a segurança do exposto flanco esquerdo da operação do IV Corpo de Exército, fazendo agressiva sondagem para NE, bem dentro do território inimigo, do que resultou o desmantelamento de suas reservas que progrediam e a captura de numerosos prisioneiros com a correspondente e valiosa identificação das Unidades em nossa frente, conforme expressões do Exmo. Sr. Gen. Cmt. do IV Corpo. A defesa do sub-setor, nas condições em que foi feita, depois de exaustivos esforços despendidos nos ataques ao Monte Castelo e Bela Vista-La Serra, representa uma demonstração de rara energia, espírito de sacrifício e destemor no cumprimento de missões de guerra, que o tornam digno dos maiores elogios, do renome do Regimento Sampaio e da admiração de seu Comandante.”
Em 14 Abr 1945, o batalhão bivacou na região sul de Madona de Braza, em reserva às tropas que desfecharam o ataque a Montese. A 16, o batalhão substituiu dois batalhões do 85º Regimento do EUA, ao Norte de Castel D’Aiano. Na madrugada do dia 20, foi iniciada de a perseguição ao inimigo, tendo o batalhão cumprido totalmente sua missão.
Em 1º Maio 1945, ao passar a fazer parte do Grupamento nº 1, sob comando do General Cordeiro de Farias, saiu de Piacenza e deslocou-se à região do Turro. Em 14, iniciou o deslocamento para a região de Nápoles. No dia 17, seguiu para o acampamento de Francolise.
Em 30 de junho, foi elogiado individualmente pelo Comandante do R.I. nos seguintes termos: “Terminada a campanha da Itália e já se achando o Regimento em preparativos para o regresso ao Brasil, sentese o Comandante do Regimento no dever de expressar aos oficiais e praças da Unidade a sua admiração e os seus elogios pela magnífica atuação que tiveram em todas as fases da campanha. Desde a nossa entrada em linha, em novembro de 1944, até o final da guerra, destacou-se o Regimento pela coesão, ânimo combativo, disciplina, camaradagem, solidariedade em combate e exata noção do cumprimento do dever. O comandante do Regimento já teve oportunidade de elogiar os oficiais e praças pelas suas atuações anteriores, que foram brilhantes e aumentaram o renome da unidade e concorreram decisivamente para o bom nome da FEB. Hoje com os seus agradecimentos, faz o seguinte elogio individual a este oficial, que tomou parte efetiva na luta: “Portou-se muito bem durante a campanha, calmo e tenaz na defesa, jamais cedeu um palmo de terra ao inimigo; valoroso e impetuoso no ataque, conquistou magníficas vitórias para o Regimento Sampaio e para a Força Expedicionária Brasileira; audacioso e perseverante no aproveitamento de êxito e na perseguição, agiu com rapidez e atingiu todos os objetivos marcados pelo Cmdo. Superior. Prestou relevantes serviços ao Brasil. Mereceu a admiração e os agradecimentos do comandante do Regimento”.
Em 5 de julho, foi aprovado pelo Cmt. do RI o elogio formulado, pelo comandante da 2ª Companhia, nos seguintes termos: “1º Ten. R/2 VALDYR MAGALHÃES PIRES, Cmt. do Pel. de Fuzileiros. É com imenso prazer que o elogio pelo brilhante desempenho que sempre deu a todas as missões que lhe foram atribuídas, tanto na guerra como na paz. Oficial calmo e ponderado, dotado de grande cultura, espírito de iniciativa, coragem, amor a responsabilidade e senso tático. Este Comando ao lidar uma missão tinha plena certeza de que esta seria cumprida com acerto e galhardia. Realizou notáveis serviços de patrulha, tendo demonstrado as raras qualidades de comando de que é possuidor. Oficial disciplinado e disciplinador, de fina educação civil e militar, alia bondade ao seu grande espírito da Justiça, sendo grandemente estimado por superiores, companheiros e subordinados. Amigo de seus soldados. É um perfeito Comandante de pelotão na guerra como na paz”.
Em 11 Ago 1945, embarcou em Nápoles com destino ao Rio de Janeiro, onde chegou no dia 22.

APÓS A GUERRA
Terminada a guerra, o jovem Tenente Waldir regressou ao RJ, publicando, em 1948, o livro “Sangue, Amor e Neve”, narrativa interessante em que a parte romanceada se mescla à parte real das batalhas de guerra. O livro teve uma segunda edição, em 1950, e a história foi filmada no RJ, tendo o apoio do Exército, em 1957. É considerado o primeiro filme longa-metragem sobre a FEB na Segunda Guerra Mundial, Itália.
De 1949 a 1953, cursou Ciências Jurídica e Sociais Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.
Em 25 Abr 1956, foi promovido a capitão.
Em fevereiro de 1958, com o apoio de colaboradores da cidade de Brumado, BA, criou o Ginásio General Nelson de Mello (em homenagem ao comandante do 6º RI na Campanha da Itália).
No biênio 1960/1961, realizou o Curso de Doutorado na mesma Universidade do Brasil, obtendo notas máximas.
Em 1962, foi transferido para a 4ª Delegacia de Recrutamento, em Brumado, BA (onde já servira em 1954). Uma das razões da mudança era o desejo de vir os filhos adolescentes estudarem no colégio que ajudara a fundar.
Foi homenageado pelos alunos do estabelecimento de ensino, que o nomearam patrono do “Grêmio Estudantil Waldir Magalhães Pires”.
Trabalhou na Biblioteca do Exército. De lá, foi transferido para a Defensoria Pública do Estado, onde usou seus conhecimentos jurídicos em favor do Exército Brasileiro, em ações que garantiram a posse de áreas como a Colônia Militar de Avanhandava, em Pereira Barreto, SP, a Colônia Militar de Itapura, em SP, e a Fazenda Saican, no RS, além de outras causas.
Em 1963, passou para a reserva remunerada no posto de Major, passando a atuar civilmente como advogado.
Faleceu em 24 Dez 2000, no Rio de Janeiro.

MEDALHAS E CONDECORAÇÕES

  • Medaglia Europea Ad Honorem (Itália)

  • Medalha Cruz de Combate de 1ª Classe

  • Medalha Cruz de Combate de 2ª Classe

  • Medalha de Campanha

  • Medalha de Guerra

  • Medalha Marechal Mascarenhas de Moraes (ANVFEB)

FONTES
Informações de familiares; Síntese biográfica elaborada por Pablo Soares Oliveira, Sargento/EB; e https://www.jornaldosudoeste.com/waldir-magalhaes-pires/

CRÉDITOS
Museu Virtual da FEB / Fröhlich, S.F.