Canção do Expedicionário

A versão mais conhecida da “Canção do Expedicionário” e usada atualmente, foi escrita pelo ensaísta e poeta Guilherme de Almeida e composta musicalmente por Spartaco Rossi. Lançada em 8 de setembro de 1944, a obra inicia com a provocativa indagação: “Você sabe de onde eu venho?”, que nos leva, de maneira brilhante, a uma viagem pela vasta diversidade do Brasil.

A letra da “Canção do Expedicionário” não apenas valoriza as belezas e riquezas naturais do Brasil, mas também personifica a saudade e o afeto pela nação através de referências culturais e emocionais. O poema inclui elementos como “a fértil terra do coco”, “o canto melodioso do sabiá” e personagens como “Moema” e “Iracema”, que representam a essência da identidade e do folclore nacional. Ao transcender o símbolo “V” de vitória, que evoca “a vitória que está por vir”, a canção renova a esperança e reforça a determinação dos soldados e do povo brasileiro para enfrentar e superar adversidades, em busca dos mais altos ideais de liberdade e justiça.

Esses versos refletem a alma de um Brasil que habita no interior de cada guerreiro; um Brasil que representa tanto um território real quanto um conceito de liberdade e justiça. Desse modo, a canção se transforma em uma homenagem à nação, enfatizando o anseio de voltar e a crença em um futuro triunfante.

O Museu Virtual da FEB convida todos a descobrir a profundidade da alma brasileira através da interpretação da Canção do Expedicionário realizada por músicos das Forças Armadas.

Canção do Expedicionário
Composição: Guilherme de Almeida / Spartaco Rossi.

Você sabe de onde eu venho?
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Dos pampas, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse “V” que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse “V” que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Você sabe de onde eu venho?
É de uma Pátria que eu tenho
No bojo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.
Deixei lá atrás meu terreno,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacarandá,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse “V” que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.
Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz!

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse “V” que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Pelos motivos expostos, a letra e a musicalidade “caíram no gosto” dos soldados brasileiros. Contudo, a “Canção do Expedicionário” teve uma “versão oficial”, adotada pelo Aviso do Ministro de Guerra no 520, de 28 de fevereiro de 1945, e publicada no Boletim dos Exército no 11, de 20 de março de 1945.

Letra: Luiz Peixoto
Música: Alda Caminha


Enquanto pelos campos de batalha
Altiva tremular nossa bandeira
Com fé eu lutarei, a vida arriscarei
E o inimigo sem temor esmagarei.
No instante decisivo da arrancada
Em ti só pensarei Pátria adorada
Por céu e terra e mar há de o meu braço varonil
Honrar-te ó meu Brasil.
E no dia em que eu voltar
Hão de os pássaros cantar
E surgirá do sol estranha claridade.
E entre salvas de canhões
Pulsarão mil corações
Porque trarei comigo a Paz e a Liberdade.


Leia mais em https://segundaguerra.org/esquecida-cancao-oficial-do-expedicionario/