A deflagração da guerra

Com a invasão da Tchecoslováquia, a 17 de março de 1939, França e Inglaterra finalmente intervieram, tendo em vista impedir que Hitler se apossasse do Corredor de Dantzig e da Polônia, mas tal advertência não deteve a Alemanha que, pelo contrário, firmou um tratado com a Itália (Pacto de Aço).

Foi ainda assinado um tratado de não-agressão com a Rússia, de modo a “impedir a guerra em duas frentes, evitando, desta maneira, o motivo que levou à derrota a Alemanha na I Guerra Mundial”.

Firmando o Pacto de Aço, na madrugada de 7 de abril de 1939, Mussolini invadiu a Albânia, a qual serviria de base às futuras ações do Eixo nos Balcãs. Em 23 de agosto de 1939, Hitler deu o próximo passo de forma surpreendente, quando o ministro alemão das relações exteriores Ribbentrop assinou em Moscou o Pacto Germano-Russo (Pacto Ribbentrop-Molotov), que “incluía a restituição à Rússia dos Estados Bálticos e repartição da Polônia” (SHIRER, 1967, p. 362 e 363), visando a afastar a possibilidade de guerra em duas frentes, como ocorrera em 1914. Este pacto também serviria para “troca de bens de consumo e de matéria-prima, assim como os portos de Windau e Libau, situados na Estônia, fossem considerados áreas de interesse comercial dentro do acordo” (SILVEIRA, 2001, p. 29).

Pacto Ribbentrop-Molotov.
Fonte: Commons Wikimedia – Referência externa

 

No dia 1º de setembro de 1939, o exército alemão lançou, através das fronteiras da Polônia, um ataque que liquidou com a paz.

Invasão da Polônia.
Aviões alemães sobrevoam a Polônia, setembro de 1939.
Fonte: Commons Wikimedia – Referência externa

 

SIEGE – Documentary film by Julien Bryan about the German invasion and siege of Warsaw in 1939 (PL)

Em setembro de 1939, Julien Bryan, único correspondente estrangeiro credenciado em Varsóvia, documentou em fotos e filmes o cerco à cidade, registrando a destruição e o sofrimento civil. Seu trabalho resultou em um filme lançado nos EUA em 1940, que foi indicado ao Oscar de melhor documentário em curta-metragem no ano seguinte.

Fonte: https://www.nationalww2museum.org/war/articles/invasion-poland-september-1939

No dia 3, a Grã-Bretanha enviou um ultimatum a Hitler, declarando o estado de guerra entre os dois países, se o governo alemão não ordenasse a suspensão da ação agressiva contra a Polônia. Como não foi atendida, em resposta, Inglaterra e França declararam guerra à Alemanha. “No dia 17 de setembro, as forças russas atravessaram a fronteira oriental e repartiram a Polônia com os Alemães. Estava iniciada, desta forma, a Segunda Guerra Mundial” (AMAN, 2005).

Para Silveira (2001, p. 30), terminava assim o “prólogo do grande drama que se desenrolaria por quase seis anos, e que envolveria toda a humanidade”.

Mapa-múndi elaborado por Stanley Francis Turner em 1944.
Na legenda, observa-se: em verde estão destacados os países do Eixo — Alemanha, Itália e Japão; em vermelho, o Reino Unido e o Império Britânico; em laranja, aparecem os Estados Unidos; em amarelo, os países que se uniram aos Aliados ao longo do conflito; e em cinza, as áreas ocupadas pelas forças do Eixo. Além disso, o mapa apresenta textos explicativos sobre os principais acontecimentos e avanços durante a guerra.
Fonte: Commons Wikimedia – Referência externa

 

O Brasil, distante do conflito, promulgou o Decreto nº 4.621, a 4 de setembro de 1939, mandando observar completa neutralidade durante a guerra entre a Alemanha e a Polônia, ficando em vigor, em todo o território nacional, as Regras Gerais de Neutralidade constantes da Circular do Ministério das Relações Exteriores, aprovada pelo Decreto-Lei nº 1561, de 2 de setembro de 1939.

Enfim, em setembro de 1940, o Japão entrou na guerra, através da assinatura do Pacto Tripartite com a Alemanha e a Itália, constituindo o Eixo Roma – Berlim – Tóquio. A partir de então, somente os EUA poderiam entravar a marcha expansionista japonesa.

O Japão, então, após um ano de sua entrada na guerra, colocou os EUA na mesma, pois realizou um golpe para acabar de uma só vez com a frota do Pacífico, estacionada em Pearl Harbor, num momento em que a paz existia ainda entre os dois países, e uma hora após a entrega da resposta do Governo Japonês à nota americana de 26 de novembro, na qual era esperada a paz entre eles.

O ataque japonês à base de Pearl Harbor, a sete de dezembro de 1941, teve um impacto significativo no cenário global, não apenas marcou a entrada oficial dos Estados Unidos na guerra, como também aumentou a procura por aliados nas Américas, especialmente pelo compromisso firmado em 1940 na conferência panamericana de Havana.
Fonte: Britannica – Referência externa

 

Com a entrada dos Estados Unidos na guerra, após o ataque aéreo nipônico à base naval de Pearl Harbor, a sete de dezembro de 1941, a guerra deixou de ser um fenômeno europeu para ser uma guerra mundial. No dia seguinte, o Presidente Vargas convocou uma reunião do Ministério. “O pensamento era único em prol da ajuda aos americanos. Jefferson Caffery, então Embaixador americano no Brasil, declarou que todos os Ministros foram solidários, e, em especial, o Ministro da Guerra, Gen Dutra” (CAMARGO e GÓES, 1981, p. 682).

Porém, de acordo com II Guerra Mundial: 60 anos (2005, p. 38), antes de enviar tropas, dentro do governo brasileiro “havia sérias dúvidas quanto à aproximação com os americanos. Enquanto Aranha fazia parte da ala favorável, o Ministro da Justiça, Francisco Campos, […] era contra, preferindo cultivar laços com a Alemanha”. Os militares gostavam do armamento alemão e estavam descontentes com o bloqueio Britânico no Atlântico, o qual impedia o envio das encomendas de armamentos feitos junto aos alemães.

Antes do ataque japonês aos americanos, a Grã-Bretanha lutava sozinha contra os nazistas na Europa, e o envio de tropas aliadas somente ocorreu após a escalada crescente das ações de Hitler. Com a agressão à Polônia, as Américas, representadas pelos seus chanceleres, reuniram-se no Panamá, com o propósito de “se manterem neutras diante dos graves acontecimentos na Europa, desejosos de que o conflito fosse restrito às potências europeias” (SILVEIRA, 2001, p. 30).

No ano seguinte, os alemães voltaram-se contra a França, Holanda e Inglaterra, então uma assembleia foi reunida em Havana, em julho de 1940, decidindo, como medida preventiva, que todo atentado de Estado não-americano contra a integridade ou a inviolabilidade do território, contra a soberania ou independência de um Estado americano, seria considerado como ato de agressão contra os Estados que firmavam essa declaração. O Brasil solidarizou-se com a declaração conjunta tomada, assumindo, assim, responsabilidades que o destino não tardou a cobrar.

Corroborando com as assertivas supracitadas, de 14 a 24 de janeiro de 1943, os chefes aliados reuniram-se em Casablanca e decidiram invadir a Europa pela Sicília (Itália), para fornecer melhores condições para a invasão da França, em 1944. Desta forma, o ataque à Itália foi realizado com “forças anglo-americanas (VIII Exército Britânico e V Exército Norte-americano, sendo que este último enquadrou a Força Expedicionária Brasileira, a partir de 1944)”, segundo AMAN (2005).

A ofensiva aliada na Itália teve também insucessos como na Operação Shingle (assalto anfíbio a Anzio), e a tentativa de tomada de Monte Cassino, motivados em parte pelas características orográficas da região (os Apeninos), as quais permitiram aos alemães montarem sucessivas linhas de defesa [Linha Gustav, Linha Adolf Hitler, Linha Caesar, e Linha Gótica (conforme figura 3)], das quais o conjunto topotático que engloba Monte Castelo faz parte.

Figura 3 – Linha de Defesa Alemã (Gótica).

 

Referências

SHIRER, William L. Ascensão e Queda do III Reich. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.

SILVEIRA, Joaquim Xavier da. A FEB por um Soldado. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Ed.; Rio de Janeiro: Editora Expressão e Cultura – Exped Ltda., 2001.

CAMARGO, Aspásia & GÓES, Walder de. Meio século de combate – Diálogo com Cordeiro de Farias. Op. Cit., p. 642-644.

ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS. SEÇÃO DE ENSINO “A” – AMAN. Resende: AMAN, 2005. 1 compact disc (ca. 679 Mb).