Serviço de Saúde

O Serviço de Saúde da FEB

Nas três Forças (Marinha, Exército e Aeronáutica) destacou-se a atuação do Serviço de Saúde, em muitos casos organizados pela necessidade da guerra. O cuidado de guerra é integrante indissociável de qualquer narrativa bélica e extrapola os limites e a temporalidade do próprio conflito, onde combate amparado apenas pela cruz vermelha bordada nos fardamentos, e luta, em aparente contrassenso, para salvar vidas amigas e inimigas. A princípio, o sujeito que porta o braçal da Cruz Vermelha demonstra que não está armado e nem pode usar nenhum tipo de armamento, sendo essa representação objetal um sinônimo de neutralidade.

Entre os Serviços de Saúde das Forças Armadas do país durante a guerra, merece destaque o da FEB, a força terrestre, uma vez que esta constituiu-se no maior contingente brasileiro em combate.

Reunindo médicos, dentistas, enfermeiros, farmacêuticos e padioleiros, o 1º Batalhão de Saúde foi criado somente em 1944, já para compor o contingente de saúde da Força Expedicionária, acompanhado dos Destacamentos Regimentais e das Seções Brasileiras de Hospitalização (SBH), essas já na Itália, integradas aos hospitais norte-americanos.

No processo de mobilização, alunos de Medicina e Odontologia tiveram as suas formaturas antecipadas em alguns meses nas suas faculdades de origem, para poderem embarcar em tempo, seguindo para a guerra já como profissionais, na qualidade de militares da reserva, em face da carência de pessoal militar à época. Com efeito, dos 176 oficiais médicos que integraram a FEB, apenas 84 eram militares da ativa.

Neste conflito se configurou um marco histórico relevante pois, de forma pioneira na área da Saúde, a incorporação de mulheres nas Forças Armadas do Brasil começou a ganhar vulto, o que foi especialmente impulsionado pelo movimento feminista e pelas demandas sociais, políticas e sanitárias da época. Tal situação conseguiu maior concretude com a criação, no Serviço de Saúde do Exército, do Quadro de Enfermeiras da Reserva do Exército, por meio do Decreto-lei nº 6.097, de 13 de dezembro de 1943, que incorporou voluntárias de várias partes do país. Essas enfermeiras (67 do Exército Brasileiro) atuaram junto ao Corpo de Saúde da FEB. A Força Aérea também incorporou seis enfermeiras ao seu efetivo.

Ao todo, o Serviço de Saúde da FEB reuniu cerca de 1.369 componentes, das mais diversas especialidades e patentes, e foi comandando pelo Coronel-Médico Emmanuel Marques Porto.

No Teatro de Operações, o 1° Batalhão de Saúde da FEB, órgão operacional de destaque, era composto de uma Seção de Comando, três Companhias de Evacuação (cada uma com um Pelotão de Padioleiros, um Pelotão de Posto de Socorro e um Pelotão de Ambulâncias) e uma Companhia de Tratamento, que possuíam os elementos necessários para instalar um Posto de Socorro Divisionário (PSD). Nesses PSD, os feridos e doentes recebiam tratamento imediato, sendo depois evacuados para o Posto de Triagem Divisionário.

Na sequência, os feridos eram evacuados para hospitais na retaguarda, comandados pelo V Exército Norte-Americano, onde também atuaram em parceria enfermeiras e médicos brasileiros.

É preciso destacar, ainda, que os profissionais brasileiros, de igual forma, atenderam indistintamente cidadãos brasileiros, americanos, ingleses, alemães e italianos”.

 

REFERÊNCIAS

ROQUE, Daniel Mata; BERNARDES, Margarida Maria Rocha; OLIVEIRA, Alexandre Barbosa de; BLAJBERG, Israel (orgs). Práticas e representações fotográficas do Serviço de Saúde brasileiro na II Guerra Mundial. Rio de Janeiro: AHIMTB, 2019.

As enfermeiras da FEB

1
Cópia de 10 Major ELZA
cropped-WhatsApp-Image-2025-04-21-at-12.09.36.jpeg
enfermeiras4
15 jul 1944
IMG_3
IMG_1
cropped-10918917_867431409946383_499117486894353776_o-1.jpg